Tuma ameaça trazer à força para depôr dirigente de plano de saúde

11/09/2003 - 13h51

Brasília, 11/9/2003 (Agência Brasil - ABr) - O relator da CPI dos Planos de Saúde, deputado Robson Tuma (PFL-SP), ameaçou trazer para depôr sob coação o presidente da Confederação Nacional das Unimeds, Celso Corrêa Barros, que faltou hoje à sessão em que deveria prestar depoimento sem motivo relevante. Tuma disse que trará Barros à nova audiência, "nem que seja preso".

A ausência de Barros foi interpretada como uma "saída estratégica" do grupo Unimed para embaraçar as investigações da CPI. Segundo os membros da comissão, há fortes indícios, detectados na CPI do Banestado, de que o diretor-presidente da Unimed São Paulo, Edmundo Castilho, teria desviado cerca de US$ 2 milhões para o exterior por meio de contas CC-5 (conta de remessa de dinheiro ao exterior para brasileiros não-residentes).

A audiência pública de hoje ouviu os presidentes da Federação Nacional das Empresas de Seguros Privados e de Capitalização (Fenaseg), João Elisio Ferraz de Campos e da União Nacional das Instituições de Autogestão em Saúde (Unidas), José Antônio Diniz de Oliveira. O único que não compareceu foi o presidente da Confederação Nacional das Unimeds, que alegou estar participando de um encontro nacional da Unimed, iniciado ontem. A desculpa não convenceu ao relator, que repudiou a atitude de Barros e afirmou que a CPI não está brincando.

As entidades ouvidas relataram as dificuldades do setor de saúde privada. A Unidas, conglomerado de empresa sem fins lucrativos, responsável por 15% do mercado de saúde suplementar, propôs uma mudança no modelo assistencial de saúde, que se baseia nos sistemas de países de primeiro mundo, como Estados Unidos, Alemanha e França. "O governo tem que assumir o papel de planificador na área de saúde", afirmou.

A diretoria da Fenaseg, que também representa 15% do mercado, apresentou balanços financeiros indicando um retorno sobre o patrimônio líquido da empresa de 2,1%. O diretor de Saúde da entidade, Alceu Amoroso Lima, voltou a dizer que o segmento do setor privado de saúde não dá lucro.

Para Tuma, não é o que parece acontecer com a Unimed São Paulo. "Se a empresa quebra dizendo que não há dinheiro e esse desvio de dinheiro para o exterior for realmente oriundo das Unimeds, é claro que não vai haver dinheiro", afirmou Tuma. A Unimed São Paulo é uma das 364 cooperativas do sistema Unimed do Brasil. Cada cooperativa possui administração própria. O setor de planos de saúde movimenta, em média, R$ 23 bilhões por ano e atende a cerca de 35 milhões de brasileiros.