Embaixador brasileiro diz que Afeganistão continua em pé de guerra

11/09/2003 - 10h55

Álvaro Bufarah
Repórter da Agência Brasil

São Paulo - O Afeganistão continua em pé de guerra dois anos depois do ataque norte-americano no país. "Apesar da suposta derrota do regime Talibã, continua havendo confrontos armados entre o governo favorável ao Ocidente e grupos rebeldes radicais religiosos", diz o embaixador brasileiro no vizinho Paquistão, Aberlado Arantes do Nascimento. Em entrevista, por telefone, à Rádio Nacional, o diplomata disse não acreditar que o Afeganistão alcance tão cedo a estabilização política.

Nascimento questiona se a problemática do terrorismo se intensificou após os atentados em 11 de setembro ou é resultado do desequilíbrio político na solução das crises. "É uma noção corrente que, depois dos ataques a alvos norte-americanos, criou-se uma nova realidade. Nos cabe a pergunta: realmente surgiu uma nova realidade ou apenas houve a manifestação mais aguda de uma realidade que já venha se manifestando a tempos? Ou seja, é o terrorismo uma situação radicalmente nova, ou ele apenas representa a expressão extrema de uma falta de equilíbrio, de uma falta de funções para as crises do mundo, em particular do Oriente Médio", indaga.

O diplomata defende uma saída negociada e multilateral para os conflitos onde os Estados Unidos estão atuando. "Em um mundo onde tudo repercute em escala internacional não importa onde a ação aconteça. É necessário conjugar diferentes atores e mesmo aqueles que hoje em dia não são ativos. Todos deviam ser chamados a prestar a sua contribuição. Mas isso só é possível se em vez de decisões unilaterais houver coordenação: o que vale é tarefa da diplomacia" afirma Nascimento.

"A questão que deverá ser resolvida é que, aparentementte, apesar da sua condição de superpotência remanescente, os Estados Unidos não podem controlar todos os focos de tensão do mundo. Então é preciso substituir as decisões de uma grande potência pelo consenso", conclui o embaixador.