Após conquistar o apoio do Egito, G-21 reitera a disposição de lutar pela eliminação dos subsídios

10/09/2003 - 11h10

Milena Galdino
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O grupo dos 21 países em desenvolvimento que se uniram para a reunião ministerial da Organização Mundial do Comércio (OMC), em Cancún, está firme na convicção de que a questão agrícola é a mais importante da reunião, iniciada oficialmente hoje. Em uma reunião ontem, o grupo decidiu elaborar uma nova proposta que equilibraria as negociações, já que, segundo os membros, a presidência da OMC desconsiderou parte significativa dos pedidos do grupo ao consolidar o documento sobre agricultura, levando mais em consideração as propostas dos países ricos.

A briga do G-21 tem três frentes: redução de subsídios que os governos dos países desenvolvidos dão aos produtores rurais, eliminação dos incentivos aos exportadores nacionais e melhorias de acesso aos mercados dos EUA, Europa, Canadá e Japão.

Liderado pelo Brasil, que tem um dos maiores superávits em exportações agrícolas do mundo, o G-21 – que recebeu, de última hora, a inscrição do Egito – é formado por nações em desenvolvimento que exportam alimentos e se sentem prejudicadas pelos subsídios e incentivos que os países ricos da América do Norte e da União Européia dão aos seus produtores e exportadores rurais. Além disso, eles reclamam da dificuldade de acesso a esses mercados, devido à quantidade de barreiras impostas à produção dos países em desenvolvimento.

"Como eles são fundamentalmente responsáveis pelas distorções existentes na produção e no comércio agrícolas, cabe aos principais países desenvolvidos responsabilidade especial nesta negociação", sustenta uma nota divulgada pelo Ministério das Relações Exteriores brasileiro acerca do encontro do grupo realizado nesta terça-feira.

Sobre os subsídios agrícolas dos países desenvolvidos ultrapassam US$ 300 bilhões por ano, segundo dados do Banco Mundial. Com isso, a produção em larga escala nos países ricos sai com preço bem abaixo ao seu valor de custo e acaba falindo outros mercados. É o caso, por exemplo, dos produtores de algodão da África Central e Ocidental, que não conseguem vender o produto por conta da competição desigual com os grandes produtores norte-americanos.

Além do Brasil, no grupo dos 21 países estão quase todos os Estados da América do Sul e mais África do Sul, Índia, China, Costa Rica, Cuba, El Salvador, Equador, Filipinas, Guatemala, Paquistão, Tailândia e o anfitrião, México, entre outros.

Juntos, eles concentram 63% de todos os agricultores do mundo e 51% da população mundial. Apesar da maioria populacional, a produção agrícola conjugada representa 20% do total e 26% da exportação agrícola mundial.