Agência Brasil com informações da CNN
Santiago - A família do ex-ditador chileno Augusto Pinochet declarou no domingo que o país está "tergiversando" a história "demonizando" a figura de Pinochet, em meio às comemorações dos 30 anos do golpe de Estado que derrotou o presidente socialista Salvador Allende em 1973.
Lucía Pinochet, a filha mais velha do ex-ditador - hoje aposentado e afastado das comemorações públicas do aniversário do golpe militar, enfatizou: "só falta agora canonizar Allende".
O golpe de estado de 11 de setembro de 1973 instaurou uma ditadura militar de 17 anos liderada por Pinochet. Além do presidente Allende, outras 3.000 pessoas morreram ou desapareceram vítimas da violência política.
"Se quer converter um em santo e o outro em demônio", disse durante um ato em menória dos cinco guarda-costas de Pinochet que morreram em um fracassado atentado contra o ex-ditador em 1986.
Às vesperas do aniversário do golpe, a televisão chilena tem mostrado incessantemente imagens, algumas inéditas, dos últimos anos do governo de Allende e dos meses que se seguiram ao golpe de Estado, durante os quais milhares de chilenos foram presos, torturados e desparecidos.
Simpatizantes do ex-presidente socialista têm atraído multidões em atos públicos realizados em memória do governo da Unidade Popular, como era conhecida a coalizão de partidos de esquerda que apoiou os mais de mil dias de Allende no poder.
O principal desse atos aconteceu precisamente nesse final de semana quando cerca de 80 mil pessoas se reuniram no principal estádio do país- o mesmo que serviu de centro de reclusão e tortura no governo Pinochet - em um show de artistas chilenos e estrangeiros em que foram reproduzidos discursos do presidente socialista.
"Creio que a história tem que ser contada em seu contexto completo e não por partes ou posições", disse Marco Antonio Pinochet, filho mais novo do ex-ditador.
Ele disse que o estado de saúde do pai é delicado e por isso o ex-ditador não participaria de nenhum dos atos de comemoração do 11 de setembro organizados por partidários de Pinochet.
Pinochet, de 86 anos, tem se mantido afastado da vida pública desde que o tribunal máximo de Justiça do Chile o eximiu de um julgamento por violações de direitos humanos, afirmando que a única alegação possível para o processo seria: "loucura ou demência".
Os relatórios médicos apresentados em defesa de Pinochet alegavam que o ex-general sofre de "demência subcortical moderada", que o impede de recordar fatos remotos.