Mais de 50 mil pessoas participaram da festa da Independência em Brasília

07/09/2003 - 15h25

Brasília, 7/9/2003 (Agência Brasil - ABr) - O primeiro desfile de sete de setembro do governo Lula foi um sucesso de público. Segundo dados da Polícia Militar, cerca de 50 mil pessoas participaram da festa na Esplanada dos Ministérios, 35 mil a mais do que no ano passado, quando o desfile foi realizado no Quartel General do Exército de Brasília. A mudança de local facilitou o acesso do público. Fácil de chegar, mas difícil de ver. Só quem madrugou na Esplanada dos Ministérios conseguiu lugar nas arquibancadas ou ao longo da pista, de onde era possível assistir ao desfile.

Poucos puderam ver o presidente. Apenas os convidados dos palanques de autoridades ficaram perto de Lula e da primeira dama, Marisa Letícia. Lula chegou ao local do desfile em carro fechado e não fez o tradicional desfile do Rolls Royce. "Eu só vi a mão dele dando adeus, trouxe até a máquina para tentar tirar uma foto, mas não consegui", reclamou o estudante Renato Pereira, de 24 anos.

A dona de casa Renata Brito chegou a Esplanada às 6h30 e garantiu um lugar na frente. Acompanhada por toda a família, Renata foi bem equipada. Para garantir o conforto, um guarda sol, cadeiras de praia e um isopor com lanches e sucos. "Valeu a pena. Nós dormimos cedo ontem para chegar aqui antes do tumulto. Conseguimos ver toda a festa. A única pena é que o presidente Lula não desfilou em carro aberto e ninguém conseguiu vê-lo", conta.

O verde e amarelo estavam nos bonés, camisetas e bandeiras. O comerciante Antônio Ferreira lembrou que estava vestido com a camisa da seleção por dois motivos: "Além de ser o dia da independência, hoje tem jogo do Brasil nas eliminatórias da Copa do Mundo e nós somos o país do futebol", disse. O funcionário público Fernando Ribeiro levou uma bandeira de 8 metros de cumprimento. "Essa bandeira eu levo a todos os desfiles de sete de setembro, desde 82, quando vim do Rio de Janeiro para Brasília", contou.

Além dos brasilienses, teve quem veio de fora para assistir ao desfile. Estudantes de um colégio de Pirapora, Minas Gerais, fizeram uma excursão para a capital federal. A viagem longa, de sete horas, não tirou o ânimo dos alunos. "Além de conhecer a cidade, nós vimos esse desfile que foi inesquecível", disse Andréa Gomes de Oliveira, de 12 anos. "Em dias como este temos que mostrar orgulho de sermos brasileiros", completou a colega Ana Gabriela dos Santos.

Na disputa por um lugar, as árvores se tornaram verdadeiros camarotes. Crianças e adultos se acomodaram nos galhos para conseguir ver a festa. Ivanildo Lima, de 24 anos, garantiu que estava confortável em cima de uma das árvores e disse que não ia descer até o final do desfile. "Eu só tinha visto antes pela televisão e daqui ninguém me tira", afirmou.

Os quase R$ 1 milhão gastos pelo governo para custear a festa foram usados na compra e montagem das arquibancadas – com capacidade para 10% do público – e para a montagem da infra-estrutura da festa. No total, foram disponibilizados 100 banheiros públicos, nove postos médicos e cinco tendas onde o público se protegia do sol. Além disso, a Secretaria de Comunicação do Governo distribuiu 30 mil bandeiras do Brasil, 20 mil adesivos e cinco mil bonés.

Festa no céu e na água

Um espetáculo que todos puderam acompanhar tomou conta do céu de Brasília. Além dos vôos rasantes de aeronaves da Força Aérea Brasileira, 60 pára-quedistas militares e 40 civis saltaram com bandeiras do Brasil e faixas verde e amarela. Depois de realizarem acrobacias, os pára-quedistas aterrissaram próximo ao público. "Participar de uma festa dessas é sempre uma emoção muito grande. Apesar de tantos anos saltando de pára-quedas a gente sempre se emociona", disse Antônio Nascimento, pára-quedista há 25 anos.

Outra atração foi uma descida de rapel de um helicóptero de combate feita por militares. Mas a que mais arrancou aplausos foi a Esquadrilha da Fumaça, que encerrou a comemoração. Na última manobra, os pilotos formaram um coração de fumaça no céu da cidade. "Dá até vontade de ser piloto, eu queria estar em um daqueles aviões. Nunca vi nada tão impressionante", disse Jorge Lima, de 13 anos.

A festa oficial terminou às 12h30, mas o dia de sol fez com que o espelho d’água do Congresso Nacional se transformasse em uma grande piscina e prolongou a diversão. As crianças tomaram banho sob o olhar atento dos pais. "Até agora ninguém falou que não pode nadar aqui, então estou deixando meus filhos se divertirem", disse o funcionário público José Moreira. Aos cinco anos de idade, Milena não teve dúvidas: "O que eu mais gostei na festa foi dessa piscina", disse, entre um mergulho e outro no espelho d’água.

Para garantir a segurança da multidão, o governo deslocou 1.600 homens, entre policiais militares, bombeiros, agentes de trânsito e policiais do Exército, que ficaram espalhados ao longo de toda a Esplanada dos Ministérios. Apesar do grande número de pessoas, não foi registrado nenhum incidente grave. Sem tumultos ou focos de briga, os médicos de plantão se ocuparam com crianças e idosos com princípio de desidratação. "Tudo correu bem, não houve nenhum foco de tumulto, foi só festa", disse o coronel Antônio Cerqueira, do Comando Central da Polícia Militar.

Nos últimos 14 anos, o desfile de sete de setembro foi realizado no Setor Militar Urbano. Nas décadas de 70 e 80, a comemoração foi feita no Eixo Rodoviário. Desta vez, depois de 35 anos, a festa voltou para a Esplanada, que tinha sido o palco do desfile em 1960, ano de inauguração da capital.

Paula Medeiros e Raquel Ribeiro