Porto Alegre, 5/9/2003 (Agência Brasil - ABr) - A Expointer abriga um conjunto de quatro diferentes eventos. A Feira de Genética representa seu núcleo central, dominado pelos grandes pecuaristas do Estado. Os animais são avaliados e julgados morfologicamente, antes de entrar no Parque de Exposições. Durante a feira, são escolhidos os melhores de cada raça. Outros são leiloados. Só para fazer o registro do ingresso dos animais, o Departamento de Produção Animal (DPA) da Secretaria da Agricultura e Abastecimento, designou 30 veterinários procedentes de várias inspetorias veterinárias. A documentação exigida inclui a apresentação de vacinas contra a brucelose, febre aftosa e tuberculose dos exemplares inscritos para a feira, além do guia de transporte.
Nessa parte da feira, é possível encontrar os "peões", profissionais que trabalham nas centenárias fazendas e estâncias pecuárias do Estado. Eles acompanham os animais com zelo impecável. Em contraste com a dura lide do dia-a-dia no pasto, lavam os animais com xampu, lustram e passam perfumes para os desfiles e disputas.
Em outro segmento, acontece a Feira de Máquinas e Implementos Agrícolas. O Rio Grande do Sul responde por mais de 60% das máquinas agrícolas produzidas no país. Ali, os visitantes vão encontrar o que há de mais moderno em tecnologia e manejo no setor. São máquinas agrícolas adequadas às mais variadas necessidades do produtor rural, desde o preparo do solo até a colheita. Os estandes apresentam uma enorme variedade de modelos e versões de tratores do mercado, empregando alta tecnologia, para todas as áreas. Há, por exemplo, tratores exclusivos para uso em pomares. Eles desempenham tarefas como pulverização, utilização de roçadeiras e transporte.
Tudo em família
Um setor emergente na Expointer é a Feira da Agricultura Familiar. Sua 3ª edição foi inaugurada neste fim de semana pelo ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto. Mais de 350 famílias vendem produtos coloniais e pratos típicos da culinária gaúcha, utilizando os produtos da agricultura familiar. O Pavilhão da Agricultura Familiar, com 4,3 mil metros quadrados, é a maior área já destinada à agricultura familiar em toda a história da feira. Ali estão expostas 140 bancas, com nove cozinhas, praça de alimentação e área institucional.
Para garantir o espaço conquistado pelos pequenos produtores gaúchos, os investimentos de cerca de R$ 200 mil foram viabilizados por meio de uma parceria entre o Ministério do Desenvolvimento Agrário e o governo do estado. Os visitantes podem adquirir ou consumir ali mesmo produtos como salame, copa, queijo, iogurte, erva-mate, vinho, cachaça, frango caipira, geléias, artesanato, mel, frutas, tomate seco, sucos, licores, pão e cucas. Não se espante se encontrar por ali um bacon ou uma cachaça ecológicos. Os mais diferentes produtos são hoje produzidos por colonos do Rio Grande do Sul sem o uso de fertilizantes químicos ou agrotóxicos.
Os restaurantes servem pratos como peixe na taquara, carreteiro de charque, sanduíches naturais, além das tradicionais cozinhas italiana e alemã. Entre os lançamentos agroindustrializados, o destaque é o "palito de aipim", em substituição à batata frita, com menor teor de gordura, e o "charque de suíno".
Emater, Fetag, Fetraf-Sul, Via Campesina, Coolméia e Fórum Metropolitano de Economia Solidária são co-promotores da ação, que contou ainda com apoio do Núcleo de Estudos Agrários e Desenvolvimento Rural (Nead), do Governo Federal, e do RS Rural do governo do estado. Já no primeiro final de semana, a Feira da Agricultura Familiar comercializou quase R$ 40 mil. "A nossa expectativa é vender mais neste ano", diz a produtora Marisa Kobelinski, de Santo Antônio de Palma, que tem uma agroindústria de sucos e geléias e está participando da Expointer pela 3ª vez.
Mas é a Feira de Artesanato a parte da Expointer que deixa no visitante a impressão inconfundível de estar no Rio Grande do Sul, com sua exposição da cultura campeira, da arte e dos costumes gaúchos. Ali, os turistas encontram roupas, calçados e todo tipo de trabalho artesanal desenvolvido no estado. Este ano, a novidade são os trabalhos feitos pelos pescadores, como peças artesanais em escamas de peixes, e de índios caingangues. Uma mostra especial foi organizada, "Caminhos da Integração".
Também existe uma intensa programação paralela durante a feira. São cursos, palestras e encontros e mesas redondas, abordando assuntos voltados ao produtor rural e o trabalho no campo, como saneamento rural, eletrificação, bovinocultura, manejo do gado de leite e corte, ovinocultura, estufas e demonstrações de estruturas de solo. Artesanato em palha de milho, tingimento e pintura em tecido, degustação de vinho e sementes crioulas são alguns dos temas tratados.