Brasília, 2/9/2003 (Agência Brasil - ABr) - Os deputados petistas que se abstiveram nas votações da reforma da Previdência, na Câmara, decidiram hoje recorrer ao Diretório Nacional do partido da decisão da Executiva Nacional de puni-los com 60 dias de suspensão. Como a reunião do Diretório está prevista para os dias 25 e 26 de outubro, os parlamentares vão requerer a sua antecipação. O deputado Chico Alencar (PT-RJ), um dos punidos, explicou que mantida esta data o recurso perde o sentido, uma vez que a reunião aconteceria a cinco dias do fim da punição.
Mesmo cumprindo a suspensão, os parlamentares petistas não arrefeceram suas críticas a postura adotada pela direção do partido. Chico Alencar, por exemplo, questionou o rigor da Executiva Nacional do PT com os parlamentares que se abstiveram. "Queria que a direção do nosso partido agisse com o mesmo rigor com relação a deputados que viajam com dinheiro de multinacionais ou com relação aos jetons pagos aos parlamentares que foram sempre uma bandeira do partido", afirmou o parlamentar.
Alencar questionou a aliança do PT com o PMDB. Ele considerou um perigo a possibilidade de o deputado e ex-presidente do Senado, Jader Barbalho (PA), vir a nomear pessoas de sua confiança para órgãos do governo na região Norte.
Em suas declarações, o deputado do PT do Rio de Janeiro não poupou nem o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu. Apesar de considerá-lo uma das peças chave do governo, Chico Alencar disse que Dirceu "é extremamente duro em decisões que extrapolam seu direito de maioria". Acrescentou que o ministro não tem um temperamento pactuador. Parodiando o futebol, o deputado afirmou que o comportamento do ministro José Dirceu "é mais de um centroavante matador do que o de um bom armador".
O deputado Walter Pinheiro (PT-BA), ressaltou que ao se abster na votação da reforma da Previdência, estava defendendo "coisas que o PT sempre colocou em seu programa partidário". Já o deputado João Alfredo (PT-CE), outro punido, lembrou que a contribuição dos inativos e a taxação das pensões nunca fizeram parte do ideário petista. "O direito do aposentado foi atingido e causou uma comoção nacional", afirmou.
Críticas também sobraram para o presidente do partido, José Genoíno. O deputado Ivan Valente (PT-SP) afirmou que Genoíno havia prometido aos oito dissidentes que quando a questão da punição fosse colocada na reunião da Executiva Nacional, eles seriam chamados para defender-se, o que não aconteceu. Também questionou o fato de o assunto não ter sido colocado na pauta da reunião.