Fósseis de caramujos são indícios de lagoa extinta em Minas Gerais

02/09/2003 - 18h41

Brasília, 2/9/2003 (Agência Brasil - ABr) - Conchas fósseis de caramujos do gênero Biomphalaria glabrata, pertencentes ao filo Mollusca, coletadas em um sítio arqueológico de Janaúba (MG), indicam a ocorrência de uma grande mudança na geografia da região em relação à que existia há cerca de 9 mil anos. Como esses invertebrados não vivem em áreas sem água, acredita-se que ali tenha existido uma lagoa.

A pesquisadora Laïs Clark Lima, do departamento de Ciências Biológicas da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP), uma unidade técnica da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), pretende verificar, a partir dos fósseis de caramujos, o processo evolutivo das populações humanas em sítios arqueológicos na Bahia, Minas Gerais e Rio de Janeiro.

"A partir das evidências presentes nas conchas fosséis, é possível desvendar a história do mundo, o comportamento de civilizações antigas, além de descobrir como determinadas doenças foram introduzidas no Brasil", disse Lima.

Os estudos com esses moluscos de água doce possibilitam descrever o clima e a vegetação de determinadas regiões em tempos históricos, além de identificar costumes e hábitos alimentares de povos primitivos. "A idéia é, por meio dessas provas científicas, alertar a população com relação a problemas diversos como o desmatamento e o consumo excessivo de água", disse Lima.

Para a pesquisadora, novas ferramentas devem surgir em breve, o que será bastante útil para os estudos com os fósseis. As técnicas de biologia molecular poderão permitir, por exemplo, detectar o DNA de parasitas nas conchas fossilizadas. Com a técnica, será possível identificar caramujos infectados, para descobrir se eles funcionam ou não como vetores de doenças. "Com a evolução dos estudos utilizando técnicas de DNA em conchas antigas, será possível descobrir como uma doença foi introduzida no país e como se disseminou pelas regiões", disse. (Agência Fapesp)