Dirceu se diz estarrecido com apoio de Suplicy a entrevista de Corrêa

02/09/2003 - 11h26

Brasília, 2/09/2003 (Agência Brasil -ABr) – O ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, disse ter ficado "estarrecido" com as declarações do senador Eduardo Suplicy (PT-SP), para ele "a única pessoa que concordou com as declarações do ministro Maurício Corrêa (presidente do Supremo Tribunal Federal)" na entrevista à revista "Veja" desta semana. Corrêa afirmou que os ministros da Casa Civil (Dirceu) e da Fazenda (Antônio Palocci) centralizam as decisões do governo de forma imperial.

Em entrevista ao programa "Bom Dia Brasil", da TV Globo, Dirceu garantiu que o governo está aberto a qualquer investigação da Câmara e do Senado, à imprensa e à opinião pública, para explicar que os critérios de indicações dos cargos pelo governo são técnicos. "No MInistério da Saúde, metade dos ocupantes de cargos não tem filiação partidária, todos são ex-secretários, profissionais da Saúde", afirmou.

Em referência às críticas da base aliada, o ministro explicou que o povo elegeu o presidente luiz Inácio Lula da Silva, mas não deu maioria ao PT no Congresso. Lembrou que o partido tem de compor com outros, para formar maioria nas duas Casas, e também no governo.

Sobre a saída da diretoria do Instituto Nacional do Câncer (Inca), Dirceu considerou a crise grave, mas isolada e resolvida prontamente pelo ministro da Saúde. Já sobre a renúncia coletiva dos conselheiros da Câmara de Medicamentos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), ele observou que a agência é autônoma. "O presidente atual foi nomeado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, uma prova de que nós não substituímos apenas por substituir. A Câmara Técnica de Medicamentos é consultiva. O que há de se perguntar é: por que esta crise, esta disputa em torno de uma câmara técnica consultiva?", indagou.

José Dirceu rebateu críticas de que o governo tem desmontado toda a máquina de funcionamento de um ministério para começar tudo da estaca zero, como no Ministério dos Transportes, onde foram demitidos 106 funcionários de cargos de confiança, substituídos por outros 136. "É exatamente o contrário. O governo recebeu alguns ministérios completamente sem condições de funcionar", enfatizou.

Os de Minas e Energia e das Comunicações foram citados como exemplos de desaparelhamento. Além disso, acrescentou, o ministro Gilberto Gil fez teve que reestruturar o Ministério da Cultura. "Nós criamos dois ministérios e três secretarias especiais sem acrescentar um cargo. Nós cortamos até 10% em todos os ministérios, dependendo da realidade de cada um, para poder formar novos ministérios", explicou. "Isso significa austeridade – as mudanças que estão acontecendo não paralisam nenhum programa", garantiu José Dirceu.