Gravação atribuída a Saddam Hussein nega participação no atentado à mesquisa de Najaf

01/09/2003 - 9h13

Dubai, 01/09/2003(Agência Brasil-ABr/CNN) -- A emissora de televisão Al Jazeera, do emirado do Catar, reproduziu uma gravação atribuída a Saddam Hussein na qual o ex-presidente do Iraque nega qualquer envolvimento no ataque a bomba em frente à mesquita da cidade de Najaf, na sexta-feira.

Segundo informações do governo local, pelo menos 83 iraquianos morreram entre eles um dos principais líderes religiosos xiitas do Iraque, o aiatolá Mohammad Baqir al-Hakim.

Em mensagem endereçada ao "grande e forte povo do Iraque", a voz da gravação se refere ao ataque com "um acidente" e acrescenta :" eles(os americanos) se apressaram em acusar os que apóiam Saddam Hussein sem qualquer evidência.

"Saddam Hussein é o líder não da minoria, e sim líder do grande povo do Iraque", diz a gravação , acrescentando que quando se referia a iraquianos queria dizer árabes, curdos, xiitas, sunitas, muçulmanos e não muçulmanos".

No domingo, um oficial norte-americano informou à CNN que o FBI auxilia a polícia do Iraque na investigação do atentado. O governador de Najaf, Haydar Al-Mayali, disse aos repórteres ontem que a explosão foi causada por dois carros-bomba, e não um - como havia sido nociticiado -. Eles continham 700 quilos de explosivos.

Enquanto isso, milhares de xiitas guardam luto de 3 dias e participam de velórios simbólicos por todo o Iraque.

Além de orações, muitos gritam palavras de protesto contra o Baath, partido de Saddam Hussein, dominado pela minoria sunita. Há iraquianos que culpam pessoas leais a Saddam Hussein pelo ataque.

Caminhões carregados de xiitas de Bagdá, Basra e outras cidades chegaram a Najaf durante a noite para participarem do velório, apesar de o corpo do aitolá al Hakim ainda não ter sido encontrado. Apenas o anel, o turbante e o relógio foram achados entre os destroços.O funeral está previsto para esta terça-feira.

A polícia de Najaf já prendeu cinco suspeitos do atentado, todos iraquianos ligados ao regime de Saddam Hussein, disse o governador Al-Mayali. E investiga a ligação deles com a organização Al Quaeda, de Osama bin Laden.

O aiatolá Al-Hakim voltou a Najaf em maio deste ano depois de 23 anos de exílio no Irã. Ele clamava por um Iraque democrático, mas não apoiou a guerra que derrubou Saddam Hussein e era um crítico da presença dos Estados Unidos no Iraque.