Paris, 29/08/2003(Agência Brasil-ABr/Europapress) - O governo francês confirmou hoje a morte de 11.435 pessoas, na sua maioria idosos, entre os dias 1 e 15 de agosto, em consequência da onda de calor que atravessou toda a Europa neste verão.
Trata-se de estimativa provisória do Ministério da Saúde, divulgadas esta manhã, depois de reunião do ministro da Saúde, Jean-François Mattei, com o diretor-Geral do Instituto Nacional de Vigilância Sanitária (InVS), Gilles Brücker.
Até hoje, tanto o Ministério do Interior como a Cruz Vermelha francesa haviam divulgado que havia menos de 10 mil mortos. "O drama humano vinculado à onda de calor alcançou o setor mais frágil da nossa sociedade. Isso afeta a cada um de nós e a toda a Nação. Expresso ao familiares a minha mais profunda solidariedade", disse o ministro da Saúde.
Principal empresa funerária da França, a PFG confirmou 13 mil atendimentos adicionais no mês de agosto, em relação a agosto de anos anteriores. "Confirmamos os cálculos da semana passada", disse Isabelle Dubois-Costes, diretora de Comunicação da PFG, que representa 25% do mercado funerário francês e dispõe de 976 establecimentos na França.
A onda de calor tem provocado grande controvérsia entre o governo francês, a oposição socialista e os profissionais de saúde. Para o governo, o grande número de mortos deve-se ao mal funcionamento dos"sistemas de alerta" e à redução da jornada de trabalho aprovada pelo governo socialista anterior - que teria levado a uma redução do número de funcionários na rede hsopitalar em agosto. Do outro lado, a oposição culpa o governo pela má gestão da crise. O deputado socialista Pascal Terrasse chegou a estimar em 20 mil o número de mortos.
O presidente da Associação de Médicos de Emergências dos Hospitais da França(Amuhf), Patrick Pelloux, afirmou hoje que o número de mortos vai aumentar . Ele foi o primeiro a dar o alarme sobre a gravidade do problema, ao anunciar 50 mortes nos arredores de Paris no dia 10 de agosto e atribuí-las à onda de calor.
Segundo Pelloux, "as cifras devem nos fazer pensar na importância da instalação de uma comissão parlamentar de inquérito".