Bruno Bocchini
Repórter da Agência Brasil
São Bernardo do Campo (SP) - Apesar de a CUT (Central Única dos Trabalhadores) ter ajudado a eleger o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a central sindical diz que não deixará de fazer oposição quando achar necessário. "A CUT ajudou a eleger esse governo, ajudou a construir e participou ativamente dessa história, e a melhor maneira de colaborar com o governo não é aderir à política na primeira hora, mas é questionar, pressionar o governo para poder ajudá-lo a cumprir o que está reservado para um governo nessa fase de nosso país", afirmou ontem (28) o presidente da entidade, Luiz Marinho.
Sobre a comemoração dos 20 anos de fundação da CUT, Marinho disse que uma das principais lutas da central sindical agora é para ser reconhecida juridicamente como um sindicato representativo de todas as categorias associadas. "Por que temos de ter várias categorias de sindicatos? Por que não termos um sindicato de trabalhadores da indústria?", indagou.
Pela primeira vez um presidente da República participou de uma atividade da central sindical, como a festa pelos 20 anos, no mesmo local onde a CUT foi fundada: o Pavilhão Vera Cruz, em São Bernardo do Campo. Marinho lembrou que a Central Única dos Trabalhadores esteve diretamente ligada às mobilizações sociais brasileiras dos anos 70 e 80 pela redemocratização do país. "A Central nasceu como contestação do regime militar e ajudou a conquistar o processo democrático por meio das reivindicações pelas Diretas Já", informou.
A criação da CUT significou um rompimento com a estrutura sindical vigente, que proibia a existência de organizações interprofissionais e tinha caráter assistencialista, um modelo fundamentado na Carta Del Lavoro, de Mussolini. A legalização da central sindical só foi possível com a promulgação da Constituição de 1988. Hoje, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a CUT é a maior central sindical do país, com aproximadamente 75% dos trabalhadores sindicalizados.