Brasília - A Polícia Federal terá uma nova ferramenta para facilitar a identificação de criminosos. Um software de última geração, desenvolvido durante seis anos, será usado no reconhecimento de suspeitos em locais públicos com grande concentração de pessoas, como shoppings e aeroportos. A expectativa do autor do programa, o perito criminal Paulo Quintiliano da Silva, do Instituto Nacional de Criminalística, é que a novidade seja implantada ainda neste ano.
O programa faz parte do projeto do novo passaporte, que também deverá ser implantado até o final de 2003 pela Polícia Federal. O objetivo é aumentar os elementos de segurança no documento, que terá marca d’água e selo tridimensional, entre outras mudanças. As fotos digitalizadas dos novos passaportes farão parte do banco de dados da PF.
Em palestra na sede da Superintendência Regional da PF, o perito explicou que a novidade permitirá transformar em dados numéricos cada traço da imagem do rosto captado por câmeras instaladas nesses locais. Os códigos poderão ser comparados aos do banco de dados da Polícia Federal e, se o software detectar que é a mesma pessoa, o sistema dá um alarme e o suspeito será convidado a ir ao escritório da polícia para outras verificações, como impressão digital, de modo a confirmar quem é. "Se for alguém com ordem de prisão em aberto, já será preso ali", informou. Segundo ele, uma das vantagens do reconhecimento facial automatizado é ser muito mais preciso que o usado atualmente, baseado na geometria facial, ou seja, na distância entre os órgãos da face.
O sistema também permite que um policial simule, no computador, o envelhecimento facial de pessoas desaparecidas ou de criminosos foragidos há anos. Silva enfatizou que a nova técnica possibilitará o reconhecimento em condições variadas de luminosidade, de diferentes expressões faciais e após alterações resultantes de cirurgia plástica.
De acordo com o perito, é possível identificar um suspeito até mesmo se ele estiver encapuzado, pela análise das partes do rosto que ficam à mostra. Ele ressaltou o fato de a inovação ter sido desenvolvida no Brasil, em vez de ser importada, como as usadas até hoje. Segundo Silva, o sistema não é caro, se comparado a outras técnicas de reconhecimento. Para ser implantado, são necessários basicamente um computador com o programa instalado e uma câmera.