Copom: Projeção de reajustes de preços administrados impediu estimativa de inflação abaixo da meta

28/08/2003 - 14h30

Brasília, 28/8/2003 (Agência Brasil - ABr) - O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reviu, para cima, as projeções anteriores para reajustes de alguns preços administrados e monitorados, como gasolina, gás de cozinha e energia, o que impede que a estimativa de inflação para este ano, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), caia até a meta de 8,5%. A perspectiva do mercado financeiro e do próprio BC, divulgado pelo boletim Focus da última segunda-feira, é de 9,63%.

Essa previsão poderia ser mais otimista, de acordo com a Ata da reunião realizada na semana passada, não fosse a reavaliação de aumento acumulado de 4,9% nos preços da gasolina, contra projeção de apenas 0,1% na reunião do mês anterior. Esse "aumento significativo" decorre da depreciação cambial verificada nos últimos 30 dias e do aumento do preço internacional do petróleo, o que reflete também no gás de cozinha, que deve acumular reajustes de 5,8%, contra previsão de 2,3% na reunião de junho.

O Copom elevou de 21% para 22,3% a projeção de reajuste das tarifas de energia elétrica residencial em 2003, e manteve a expectativa de aumentos acumulados em 25,5% para as tarifas de telefonia fixa, embora com nova distribuição de elevações de preços ao longo do ano, em função das liminares concedidas pela Justiça. Em função desse quadro, o Copom estima que os preços administrados e monitorados serão reajustados em 14% neste ano: 0,9 ponto percentual a mais do que foi projetado em junho.

Para os membros do Copom, se não fosse isso, a projeção anual de inflação estaria beirando a meta de 8,5%, uma vez que "as taxas de inflação de julho mostraram ausência de pressões altistas" no mercado livre. Exemplo disso foram os preços no atacado, que registraram variação negativa pelo terceiro mês consecutivo; principalmente de produtos agrícolas e industriais; e os índices de preços ao consumidor também tiveram incremento discreto.

O Copom ressalta, no entanto, que as variações negativas de preços livres começaram a perder intensidade em julho, com desaceleração de -0,01%, comparado a 0,2% em junho, resultado da queda mais intensa nos preços dos alimentos. Em contrapartida, os preços monitorados acusaram aumento de 0,73% em julho, ante redução de 1,02% no mês anterior, como resultado da elevação de 9% na tarifa de telefone fixo, em todo o país, e de 2,1% de energia elétrica, em São Paulo.