Brasília - Formar uma rede entre governo, ministério público, organismos internacionais e sociedade civil no combate a violência sexual infanto-juvenil é um dos objetivos do Ministério da Justiça, segundo a Secretária Nacional de Justiça, Cláudia Chagas. "Não adianta você tirar a menina da rua e achar que depois disso ela vai tomar outro rumo sozinha. Não. Você tem que trabalhar com ela, na escola, na família, com assistente social. Você tem que dar para ela outra opção", acredita.
A secretária se reuniu nesta segunda-feira com representantes de ministérios públicos estaduais durante oficina para análise da política de enfrentamento da violência sexual infanto-juvenil e de construção de agenda estratégica. "Esse encontro com o Ministério Público é muito importante porque já existem muitas experiências bem sucedidas tanto na área de responsabilização quanto atendimento à vítima com a participação integrada de órgãos do município do estado, dos promotores de justiça", explicou.
Cláudia Chagas disse que uma experiência de sucesso no combate a violência sexual contra crianças e adolescentes é a do Rio Grande do Sul. A secretaria contou que no estado a criança é recebida de uma forma especial, com policiais especializados em atender vítimas desse tipo de crime, além de existirem promotores e juízes especializados. Há também, segundo ela, atendimento constante de assistente social e psicólogos. No Rio Grande do Sul também foram designados peritos do Instituto Médico Legal especialmente para essa função. Toda a rede de proteção e atendimento auxilia a punir os culpados e no atendimento a vítima, de acordo com a secretária.
"Precisa de um apoio multidisciplinar para que ela se sinta à vontade para falar e dar apoio para ela prosseguir com a sua vida", afirmou.
Este ano foi criada uma comissão interministerial para trabalhar com essa integração. O Ministério da Educação capacita professores para detectar o problema. As polícias federal, rodoviária e estaduais também estão se especializando. "Só esse conjunto de ações pode ter resultado", disse.
Cláudia Chagas considera que a violência sexual é uma situação muito ligada ao social e que é importante mudar a mentalidade da sociedade, que, em sua opinião, de alguma forma sempre foi conivente com esse crime, sempre aceitou. "Quantas pessoas não vêem na beira da praia, nas cidades litorâneas aquelas meninas se oferecendo para o turista e as pessoas passam, circulam achando que isso é normal, mas não é. E nem se pode culpar essas adolescentes disso e achar que elas de alguma forma são responsáveis", afirmou.
Em maio deste ano, a Secretaria Nacional dos Direitos Humanos criou um disque-denúncia de crimes de exploração sexual contra crianças e adolescentes. O serviço funciona de segunda a sexta-feira, das oito da manhã às seis horas da tarde. O número é 0800 99 0500.