Graziano diz que falhas no Cadastro Único prejudicam ampliação do Fome Zero

25/08/2003 - 15h20

São Paulo, 25/8/2003 (Agência Brasil - ABr) - Apesar de anunciar a ampliação das metas de atendimento do Programa Fome Zero, o ministro da Segurança Alimentar, José Graziano, revelou que a velocidade de implementação do Cartão Alimentação está sendo prejudicada por falhas no Cadastro Único das famílias a serem atendidas em programas de transferência de renda. Segundo Graziano, a média de erro é de 25%.

Ele afirmou que a principal dificuldade é o grande número de famílias que constam no cadastro, sem satisfazer às exigências para participar de programas sociais, no lugar de outras, que deveriam ser atendias, mas estão fora do levantamento. "O cadastro é ruim e eleitoreiro", afirmou, acrescentando que estão sendo retirados do cadastro aqueles que não precisam de auxílio, para depois incluir as famílias que erroneamente estão fora.

De acordo com Graziano, dois de três municípios pesquisados não adotaram qualquer critério para incluir as famílias. "Há manipulações de tudo quanto é ordem e nós estamos tendo que refazer", disse. A presidente do Conselho de Segurança Alimentar (Consea) do estado de São Paulo, Maria Helena Guimarães de Castro, rebateu as críticas. Ela foi presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) e uma das pessoas que participaram das discussões da montagem do cadastro. Maria Helena afirmou que a realização não foi eleitoreira e que as informações se basearam em dados técnicos.

Maria Helena concordou com Graziano que o cadastro precisa de atualização permanente, e lembrou que nunca houve levantamento desse porte sobre famílias de baixa renda no país. "Quando nós temos algo para aprimorar é mais fácil. Eles estão tomando como ponto de partida um cadastro que nós fizemos, que foi o primeiro", afirmou, ressaltando que em todos os cadastro há erros. "O controle e a alimentação permanentes do cadastro são um requisito. Nós não tivemos tempo de fazer um controle de qualidade, porque não tínhamos dinheiro e o cadastro só ficou pronto no ano passado", disse.

Graziano afirmou que inicialmente o cadastro único deveria ter registro de 11 milhões de famílias, mas apenas 5,5 milhões foram inseridas. Graziano e Maria Helena participaram do painel "As Diretrizes do Programa Fome Zero", promovido pela Central Única dos Trabalhadores (CUT).