Brasília, 25/8/2003 (Agência Brasil - ABr) - Às vésperas de votar em segundo turno, na Câmara, a reforma da Previdência Social, o governo tenta manter o acordo feito com a oposição, no primeiro turno, para que não sejam apresentados destaques de bancada na votação de amanhã. O problema é que a própria base governista ameaça melar o acordo. Sob a orientação do seu presidente nacional, Leonel Brizola, o PDT pretende apresentar destaque que modifica as regras para os subtetos salariais do funcionalismo público estadual. O líder do PFL na Câmara, José Carlos Aleluia (BA), já avisou que, se algum partido do governo apresentar destaque de bancada, o acordo intermediado pelo presidente da Casa, João Paulo Cunha (PT-SP), estará automaticamente rompido. A votação está prevista para a noite desta terça-feira.
João Paulo alerta que o descumprimento do acordo "não é bom para a instituição". Lembrou que existe uma tradição no parlamento de que acordos feitos são sempre cumpridos. Atuando como bombeiro, o presidente da Câmara pretende conversar, até o último momento, com as lideranças do PDT para evitar o rompimento do que foi acordado no primeiro turno e evitar que uma votação aparentemente tranquila possa se transformar em outro desgaste para a base do governo. "Vamos tentar convencer os partidos da base e da oposição para não apresentarem destaques de bancada. Estamos aguardando para ver que partidos podem, eventualmente, apresentá-los", afirmou.
Já o vice-líder do governo na Câmara, Professor Luizinho (PT-SP), ressalta que a bancada do PDT deve estar "profundamente contrariada com a atitude adotada por Brizola". Acrescentou que o presidente do partido, ao insistir na apresentação do destaque, "só cria constrangimento à bancada". Luizinho disse, ainda, que as negociações são feitas diretamente com o líder do PDT na Câmara, Neiva Moreira (MA). "O PDT concordou, desde o primeiro momento, com o estabelecimento do subteto único. Não dá para aceitar este destaque. Vamos dialogar com a bancada do partido porque ficou uma situação constrangedora para os deputados que firmaram o acordo", afirmou.
(Marcos Chagas/Iolando Lourenço)