Brasília, 22/8/2003 (Agência Brasil - ABr) - O governo anunciou ontem à noite, na abertura da Conferência de Concertação, em Salvador, um pacote com 11 medidas para o combate à discriminação de mulheres e homens negros no mercado de trabalho e na cultura.
Uma das medidas é dar oportunidade do primeiro emprego a mulheres negras, baianas, donas de casa, de 16 a 24 anos. Outra ação será a realização de uma campanha sobre direitos trabalhistas, com ênfase nas empregadas domésticas. Mal anunciou o pacote, o governo já conseguiu sua primeira parceria na iniciativa privada. A empresa Nestlé vai oferecer 100 vagas para jovens mulheres da raça negra na Bahia.
Hoje, governo federal e movimentos representativos dos negros sentam-se para discutir políticas de inclusão racial. A idéia é não repetir os erros das políticas anteriores, que acabam nunca saindo do papel. O ministro Tarso Genro, do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, coordenador do evento, deixou claro que não é possível garantir que as ações atinjam o efeito esperado. "O que se deve fazer é ter um método de trabalho, conexão com a sociedade para impulsionar e controlar", enfatizou.
Ao contrário do colega, a ministra da assistência social, Benedita da Silva garantiu que, no governo Lula, as ações de inclusão racial não serão "peças fictícias" e que os "filhos de escravos não serão mais escravos". Para a representante do movimento negro e das mulheres, Luísa Bairros, o melhor caminho para o trabalho é ouvir os movimentos sociais. "Apenas os movimentos acumularam conhecimento de como lidar com essas questões da igualdade racial, já que o Estado e os governos, até aqui, fizeram muito pouco nesse sentido", destacou.
Das 11 ações anunciadas na abertura, algumas serão colocadas apenas em prática na capital baiana, que vai servir como uma espécie de laboratório para o resto do país. Outras capitais nordestinas também servirão como piloto para a busca de soluções de outros problemas. O recife, por exemplo, está implantando um programa de combate à violência contra a juventude. Os projetos são coordenados pelo Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social.
Salvador foi escolhida para sediar o encontro porque, apesar de possuir uma população 80% negra, a cidade convive com alta discrepância no convívio de raças. A Bahia abriga 50% dos negros do país. O governo federal está representado pelos ministros: Benedita da Silva (Assistência Social), Gilberto Gil (Cultura), Tarso Genro (Secretaria Especial do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social), Emília Fernandes (Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres), Matilde Ribeiro (Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial) e Jaques Wagner (Trabalho).
O prefeito de Salvador, Antônio Imbassahy e o governador do Estado, Paulo Souto, representam o governo baiano. Hoje, será anunciado o programa nacional de promoção do emprego e erradicação da pobreza.