Selic cai para 22% ao ano e surpreende mercado

20/08/2003 - 16h27

Brasília, 20/08/2003 (Agência Brasil - ABr) - O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) decidiu, hoje, reduzir a taxa básica de juros de 24,5% ao ano para 22% ao ano, sem viés. Esta foi a terceira queda consecutiva. Esse patamar é o menor desde novembro de 2002. Segundo nota divulgada pelo BC, a queda da Selic foi possível porque "dados divulgados desde a última reunião do Copom confirmam resultados positivos obtidos pela política monetária em fazer a inflação convergir para a trajetória das metas.

O fato de ser sem viés quer dizer que até a próxima reunião do Copom, em setembro, não haverá alterações. O anúncio surpreendeu especialistas que esperavam corte entre 1,5 e 2 pontos percentuais. " Ninguém esperava, mas foi uma surpresa boa", diz o economista-chefe da consultoria Global Invest, Marcelo Ávila.

A iniciativa foi elogiada pelo ministro da Fazenda, Antonio Palocci. Disse que a decisão foi segura e cautelosa. "Nós acompanhamos as atividades do Banco Central, sempre dando autonomia para o banco tomar as suas medidas". Afirmou, no entanto, que a inflação não está sendo descuidada. Lembrou que o processo inflacionário é muito perigoso, principalmente para as pessoas de baixa renda que vêem seu dinheiro ser corroído.

O presidente da Confederação Nacional das Indústrias, Armando Monteiro Neto, que havia feito críticas nas outras reuniões do Copom, elogiou esta. Segundo ele, a decisão do Banco Central foi ousada e vai de encontro à expectativa da indústria. 'É uma sinalização positiva para os agentes econômicos e mostra que o governo está caminhando na direção de afrouxar a política monetária, o que é bom para a produção e para a manutenção do emprego", ressaltou.

O presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) disse que a decisão "vem em bom momento", mas que seria "ousada" se tivesse baixado a taxa básica de juros em 3 pontos percentuais e não 2,5.

O ex-ministro da Fazenda, Marcílio Marques Moreira, disse que a redução foi excelente. "A medida sinaliza também para a possibilidade de termos no último trimestre do ano melhoria da atividade econômica", disse Marcílio.

O presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Luiz Marinho, concorda com Marcílio e afirmou que a "decisão foi uma surpresa até mesmo para os grandes agentes financeiros". Ressaltou, no entanto, que a redução não é suficiente para a retomada do crescimento e geração do emprego. Ele lista como outras medidas que devem ser tomadas a redução dos compulsórios pelo Banco Central e a promoção de investimentos em infra-estrutura, transportes e saneamento.

Economia para o governo

De acordo com cálculos da consultoria da Global Invest, a redução de hoje vai implicar em uma economia para o governo de R$ 11,1 bilhões no pagamento de juros dos títulos públicos em doze meses. Ávila lembra que esse resultado corresponde, aproximadamente, a 22% da economia que o governo pretende ter com a reforma previdenciária em 20 anos. " É a economia que o governo terá em aproximadamente quatro anos da reforma da previdência", salientou.