Brasília, 20/08/2003 (Agência Brasil - ABr) - O ministro do Planejamento, Guido Mantega, comentou hoje que a redução da taxa básica de juros em 2,5 pontos percentuais, passando para 22% ao ano, vai permitir uma retomada do crescimento da economia ainda este ano. "Não se pode dizer que o Banco Central é conservador. O BC foi além da expectativa de mercado. Nos deu uma grata surpresa", disse ele, ao ressaltar que a decisão é um estímulo à retomada dos investimentos no país.
Com essa perspectiva, o ministro reuniu-se hoje com parlamentares da base aliada que fazem parte da Comissão Mista do Orçamento e Finanças para falar dos recursos para o próximo ano. "Teremos uma receita R$ 40 bilhões superior à deste ano", estimou, ao comentar o orçamento de 2004, que deve ser encaminhado até o dia 29 de agosto e que tem previsão de receita de aproximadamente R$ 410 bilhões.
"O que ficou claro para nós é que no ano que vem a gente começa a sair do fosso em que mergulhamos em 2003", acrescentou Jorge Bittar (PT/RJ), relator da proposta do Orçamento, diante da informação de que o orçamento do próximo ano permitirá aumento nos gastos sociais e nos projetos de infra-estrutura. "Há uma previsão de crescimento considerável da economia brasileira, talvez superior aos 3,5% previstos na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). O que significa que vamos começar a ter crescimento real de receita", disse o deputado.
Ministro e deputado concluíram que o orçamento de 2004 iniciará o esboço da cara do governo Lula. "2004, 2005, 2006, a cada ano ele estará mais parecido com o governo Lula", disse Bittar, ao destacar o aumento nos gastos sociais e nos setores de infra-estrutura, como energia e transporte, fará a diferença. "O que faz com que o orçamento de 2004 seja a cara do novo governo é que é um orçamento que vai viabilizar a retomada do crescimento de forma consolidada no país. O crescimento sustentável se dará e será facilitado por esse orçamento", acrescentou Mantega.
Ele não quis adiantar os números, mas informou que recursos para os programas de transferência de renda serão superiores aos R$ 4,3 bilhões liberados este ano e que para a reforma agrária, alem do aumento dos recursos, será implantado um outro modelo de reforma, "em certos aspectos mais cara, e mais eficiente, porque vai fazer assentamentos em regiões melhores, terras melhores e condições melhores".
O ministro criticou a forma como foram feitos os assentamentos no governo passado. "Vai ver onde estão os assentados. Eles estão favelizados. 500 mil assentados que nós vamos ter de socorrer", ironizou, ao comentar que os assentados vivem sem condições de produção e sem infra-estrutura.
Mantega disse também que os projetos prioritários contemplados no Plano Plurianual (PPA) 2004-2007 estão escolhidos, mas não quis adiantar quais são eles. "Creio que 99% dos projetos já estão selecionados, mas faltam alguns ajustes. O grosso do PPA está definido", comentou.