Senador quer ouvir presidente do BB em sessão secreta da CPI do Banestado

19/08/2003 - 13h58

Brasília, 19/8/2003 (Agência Brasil - ABr) - O líder do PSDB no Senado, Artur Virgílio (AM), pediu hoje na reunião da CPMI do Banestado, a realização de sessão secreta para ouvir o presidente do Banco do Brasil, Cássio Casseb Lima, e o diretor de Política Monetária do Banco Central, Luiz Augusto de Oliveira Candiota, sobre evasão de divisas a partir de denúncias que foram transmitidas à liderança.

O pedido serviu para tumultuar a sessão em que estava sendo ouvido o depoimento da ex-diretora de Fiscalização do Banco Central, Tereza Grossi. A senadora Ideli Salvati (PT-SC) criticou o líder, afirmando que ele tentava esvaziar o objetivo da reunião que era a tomada de depoimento e interrogatório de Tereza Grossi. Disse ainda que a decisão sobre a sessão secreta deveria ser tomada depois, devido à ausência do relator da comissão deputado José Mentor (PT-SP). Mentor viajou a São Paulo devido ao falecimento do seu pai na noite de ontem.

Antero Paes de Barros disse que após o depoimento de Tereza Grossi, a comissão poderá deliberar em sessão secreta sobre o pedido de Artur Virgílio, porque a comissão não pode deixar de tomar conhecimento de denúncias recebidas pelos membros da CPMI, como Virgílio, "até porque as pessoas são presumidamente inocentes".

Em resposta às acusações de que teria como objetivo esvaziar o depoimento de Tereza Grossi, o senador Artur Virgílio disse que seu objetivo maior é conhecer e ver punidos os ladrões do Banestado. "Sou favorável a que se pegue ladrão pela gola", afirmou. Ele disse que a Comissão tem obrigação de ouvir o presidente do Banco do Brasil e o diretor de Política Monetária do Banco Central, e que espera que eles "consigam se sair bem das denúncias que apresentarei, em sessão secreta, perante a comissão".

O depoimento de Tereza Grossi, antes e após a questão de ordem levantada pelo senador Artur Virgílio, não trouxe maiores novidades à CPMI do Banestado, porque a ex-diretora de fiscalização do Banco Central limitou-se a responder a todas as questões apenas a partir do momento em que passou a exercer a diretoria, em março de 2000, não responsabilizando-se nem querendo tecer comentários "em tese" sobre as denúncias em torno do Banestado, anteriores à sua chegada à chefia da diretoria de fiscalização.

Mesmo assim, Tereza Grossi garantiu que o Banco Central nunca deixou de fazer algo que deveria ter feito, mas explicou as limitações da instituição, que somente pode punir administrativamente – com multa ou inabilitação para o exercício de atividade para instituições financeiras envolvidas em irregularidades.

Segundo Tereza Grossi, quando há comprovação de crime, o que é feito é a comunicação do fato ao Ministério Público Federal. No caso de indícios de ilícitos nas contas CC5 via Foz do Iguaçu (Paraná), essa comunicação foi feita em abril de 1997 em um processo de quinze volumes, que continha até um croqui detalhando o trabalho feito pelos carros-fortes na fronteira com o Paraguai. "A partir dessa comunicação, o papel do Banco Central é o de coadjuvante", esclareceu Tereza Grossi.