Depoimento: funcionário da ONU descreve ataque em Bagdá

19/08/2003 - 17h05

Brasília - 19/8/2003 (BBC Brasil) - Leia abaixo a transcrição do depoimento concedido à BBC pelo funcionário da ONU Salim Lone, que trabalhava no prédio da organização no momento da explosão.

"Eu estava aqui no quartel-general da ONU, quando aconteceu uma enorme e assustadora explosão."

"Eu estava trabalhando no computador quando o vidro das janelas voou, a cobertura de madeira do teto despencou. Então, corri para o corredor, todos estavam lá, gravemente feridos, sangrando no rosto, e saímos do prédio."

"O carro-bomba estava sob o escritório do representante especial da ONU no Iraque, Sérgio Vieira de Mello, que também está gravemente ferido e estamos tentando retirá-lo dos escombros."

Causa

"Foi um carro-bomba, estacionado exatamente abaixo da janela do escritório de Vieira de Mello. Acredito que este tenha sido o alvo deles. Foi uma bomba bastante potente. Estou olhando para o local agora, e os escritórios ao lado e abaixo do dele já não existem mais."

"Eu diria que havia no prédio no máximo cerca de 300 pessoas. Este é o prédio principal, onde todos trabalham, mas não estou seguro sobre este número."

Estragos

"Certamente, metade do prédio foi bastante danificado porque eu trabalho a cerca de 50 a 60 metros do escritório sob o qual aconteceu a explosão e achei que a explosão tivesse acontecido atrás de mim. E quando você sai do prédio, o estrago está em todos os lugares."

"Foi, obviamente, uma bomba muito poderosa. O carro foi desintegrado. Me contaram que era um carro-bomba, mas não se vê sinais mais de carro algum."

Vieira de Mello

"Eu acredito que ele esteja ferido. Até aí, posso ir. Mas não quero especular. Estão tentando retirá-lo dos escombros, lhe deram água e estão tirando os escombros ao redor dele. Estamos muito esperançosos de que ele vai ficar bem."

Carro-bomba

"Isso foi o que me disseram os militares americanos. Eu não entendo muito de bombas e achei que não tivesse sido um carro-bomba, mas ele me disse 'não, não foi um carro-bomba e se você andar uns 90 metros vai ver outros pedaços dele'."

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