Brasília, 19/8/2003 (Agência Brasil - ABr) - "O acontecimento de hoje em Bagdá é a confirmação de uma morte anunciada", disse agora há pouco em entrevista à NBR, o professor José Flávio Sombra Saraiva, diretor do departamento de Relações Internacionais da Universidade de Brasília. De acordo com ele, Sérgio Vieira de Mello havia comunicado às Nações Unidas sobre a falta de proteção de sua missão no Iraque e que "eles estavam na linha de fogo". Segundo Saraiva, depois dos depoimentos do diplomata, o Conselho de Segurança das Nações Unidas se reuniu e informou ao governo dos Estados Unidos da situação.
"Eles foram suficientemente informados que a representação em Bagdá era alvo de um mundo difuso, incerto e desequilibrado. Portanto a responsabilidade dos Estados Unidos pela proteção da missão não foi cumprida", afirmou Sombra Saraiva.
O professor falou também da personalidade Vieira de Mello com quem manteve alguns encontros. "O representante da ONU marcou sua carreira em atuações em zonas de conflitos internacionais. Ele estava talhado para ocupar funções até mais elevadas que ocupou. Vieira de Mello poderia até ocupar o cargo de secretário-geral da ONU".
"A sua morte foi uma perda para o conceito de que deve prevalecer para a solução dos conflitos internacionais: o bom senso e a solução equilibrada", lastimou. "Portanto, todos estamos de luto. Sobretudo, ficamos com a sensação de que o mundo está cada vez mais imprevisível e complicado", afirmou.