Rio, 19/8/2003 (Agência Brasil - ABr) - O economista Celso Furtado criticou ontem as elevadas taxas de juros do país. Para ele, o nível ideal para um crescimento de 5% do Produto Interno Bruto (PIB) não pode ultrapassar o mesmo patamar nas taxas de juros. "Hoje tem um crescimento de 2% e juros de 20%. Isso é uma aberração. Uma distorção, uma tirania do sistema financeiro internacional".
Mesmo assim, ele defende que a economia seja manobrada com muito cuidado, sob pena de sofrer uma ataque externo. Uma situação desse tipo, segundo Celso Furtado, poderia paralisar o Brasil. "Aí a desordem social vai ser muito grande no Brasil. Se você pára todos os investimentos, é evidente que haverá uma reação social no Brasil. Eles temem isso".
Celso Furtado disse ainda que não critica o governo pelas ações tomadas até agora na condução da macroeconomia. "Eles estão assumindo riscos, portanto, não vai ter a minha reprovação. Agora, não vou dizer que vou aprovar, porque não tenho conhecimento da verdade do que está por trás de tudo isso".
O economista afirmou também que o governo vem obtendo resultados positivos, mas advertiu que isso tem um preço "porque está sendo reprovado por seus aliados". Isso faz parte da política, conclui.
Celso Furtado participou ontem à noite da abertura do Seminário Internacional Hegemonia e Contra-Hegemonia: Os impasses da globalização e os processos de regionalização. Neste encontro sua candidatura ao Prêmio Nobel de Economia foi lançada.
Cristina Índio do Brasil