Meirelles defende ''gradualismo'' na política monetária do BC

18/08/2003 - 19h11

São Paulo, 18/8/2003 (Agência Brasil - ABr) - Às vesperas da nova reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, sinalizou hoje que as autoridades econômicas manterão a cautela em suas decisões. "Gradualismo não configura rigidez nem falta de flexibilidade", justificou ele, se referindo à expectativa do mercado de uma aceleração na baixa de juros. Muitos analistas e investidores estão apostando que o Copom poderá repetir o corte de 1,5 ponto percentual, reduzindo a Taxa Básica de Juros, a Selic, de 24,5% para 23% ao ano.

Em discurso na solenidade de posse da nova diretoria da Associação Nacional dos Bancos de Investimentos (Anbid), Meirelles afirmou que o Brasil tem de enfrentar a magnitude de seus problemas "sem piruetas ou malabarismos", assinalando que o governo Lula tem demonstrado seu compromisso inequívoco com esse processo de construção responsável do futuro, comprovando que é possível aliar crescimento com justiça social, tendo como pré-requisitos essenciais a estabilidade monetária e a responsabilidade fiscal".

Ele pontuou duas situações de observação para a manutenção da política monetária: controle inflacionário e o ajuste fiscal, com a adoção da meta de superávit fiscal de 4,25% do PIB para 2003, além da reforma da previdência como um incentivo adicional à poupança privada. "O regime de metas de inflação tem permitido enfrentar com sucesso choques de oferta e choques de expectativas com a flexibilidade necessária para que "evitemos custos desnecessários em termos de nível de atividade", observou, acrescentando que "o Banco Central sempre faz o melhor uso possível de todas as informações disponíveis a cada momento".

Meirelles também defendeu um sistema mais moderno, seguro e eficaz de movimentação no mercado de capitais, ressaltando que este setor deve desempenhar importante papel no crescimento econômico sustentado. "O grande desafio que se impõe à sociedade brasileira nesse momento é o de criar as condições que nos permitam crescer a taxas elevadas por muitos e muitos anos, sem as arrancadas e paradas que marcaram nosso desempenho econômico nas últimas décadas".

Diante disto, aponta que "não há crescimento sem investimento e não há investimento sem a intermediação financeira eficaz e segura". Segundo o presidente do Banco Central, as experiências internacionais têm demonstrado que com uma intermediação financeira mais desenvolvida e diversificada aumenta a capacidade de se enfrentar choques econômicos.

Citou também que a diversificação de fundos de investimento, de renda fixa e variável, derivativos, private equity, por exemplo, tem resultado em mais capacidade de absorver perdas durante crises econômicas. "Foi o que aconteceu, por exemplo, na Europa e nos Estados Unidos após o rompimento da bolha das empresas de tecnologia e de informação." Para ele, a construção das condições para o crescimento sustentado no Brasil passa, portanto, pelo desenvolvimento de um mercado de capitais moderno, seguro e eficiente.