Brasília, 18/8/2003 (Agência Brasil - ABr) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse há pouco que um dos principais objetivo da reforma tributária é a desoneração do setor produtivo, o que fará do Brasil um país mais competitivo nos mercados interno e externo. O presidente afirmou que, apesar das divergências em torno do assunto, a reforma tributária será aprovada ainda este ano. Mas, segundo ele, os governos federal, estaduais e municipais sabem que seus problemas financeiros não serão solucionados com a aprovação da matéria. "Esses problemas serão resolvidos na medida em que a economia voltar a crescer, o governo voltar a arrecadar e a arrecadação seja por conta do crescimento econômico e não por conta da carga fiscal, como habitualmente se faz no país", afirmou.
No Brasil, segundo Lula, há três formas de ganhar dinheiro: através da especulação financeira, do narcotráfico e pelo investimento no setor produtivo. "A forma mais sadia, que faz o país crescer e que contribui para a cidadania chama-se investimento no setor produtivo, sem o qual um país não consegue se desenvolver", disse. O presidente reafirmou o compromisso de seu governo com a promoção de parcerias entre os setores público e privado para que empresas nacionais possam ampliar seu potencial. Segundo ele, o setor produtivo terá o apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para se desenvolver.
O presidente ressaltou que é preciso atrair o capital externo para o Brasil, mas por meio de investimentos de qualidade, que contribuam para a geração de renda e de emprego. "Pobre do governante, pobre do país que acha que pode resolver os seus problemas econômicos apostando na venda de ativos ou na especulação financeira. Eu não tenho dúvida nenhuma de que, lá fora, há muitos empresários que, quando tomarem conhecimento de projetos importantes, investirão no Brasil", previu o presidente. Como exemplo, Lula citou a licitação de cinco linhas de transmissão de energia elétrica, que unificarão o sistema energético brasileiro. Segundo Lula, 40 empresas já estão interessadas, oito delas estrangeiras.
A apresentação de projetos viáveis e o compromisso assumido com um marco regulatório aumentarão, segundo o presidente, o número de investidores estrangeiros interessados no Brasil. Lula afirmou que, com as prioridades para a área de infra-estrutura, estabelecidas no Plano Plurianual 2004-2007, será possível encontrar investidores nacionais e estrangeiros que queiram desenvolver projetos em parceria com o governo federal ou de forma autônoma. "Esse governo está convencido de que não é o dinheiro que faz um bom projeto, e sim um bom projeto é que faz o dinheiro. Nós dedicaremos o segundo semestre à retomada do desenvolvimento do país, ora investindo o pouco que temos para investir, ora procurando os poucos que têm muito para investir", disse o presidente.
Lula reconheceu que o mercado interno está ruim e que será preciso adotar medidas para promover seu desenvolvimento. Segundo ele, é impossível acreditar que um país conseguirá prosperar apostando apenas nas exportações. A produção para o mercado interno, para o presidente, significa geração de riqueza e de qualidade de vida para as pessoas. "É importante que agente tenha competência para aumentar as nossas exportações, mas é importante que agente tenha a clareza de que o nosso mercado interno precisa crescer e que não é incompatível exportar com o crescimento interno. Qualquer nação precisa dos dois e nós vamos buscar isso", afirmou.
O presidente mandou um recado para os setores brasileiros que reclamam das dificuldades encontradas em virtude da situação econômica atual, principalmente para os que estão descontentes com as altas taxas de juros. "Não há tempo para pessimismo, não há tempo para ficar chorando, não há tempo para ficar reclamando. O tempo é de construir porque o Brasil precisa disso".
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou hoje da solenidade de inauguração da nova linha de produção de celulose de eucalipto da fábrica Votorantin Celulose e Papel, na cidade de Jacareí, interior de São Paulo. Com as novas instalações, a empresa ampliará sua produção de celulose para 1,5 milhão de toneladas por ano, e será responsável por 15% das exportações brasileiras do produto. A ampliação da fábrica contou com investimento de US$ 490 milhões, sendo US$ 120 milhões de recursos do BNDES. A expectativa para 2003 é de que a empresa exporte US$ 500 milhões.