Brasília, 18/8/2003 (Agência Brasil - ABr) - O Brasil está entre os sete países do mundo com maior potencial para operações de seqüestro de carbono no solo. Estudos preliminares feitos pelo professor Rattan Lal, da Universidade de Ohio, nos Estados Unidos, indicam um potencial de 110 milhões de toneladas/ano com uma estimativa de receita anual de US$ 2 bilhões.
Segundo Rattan Lal, a exemplo dos oceanos e da atomosfera, a terra é um importante sumidouro natural de carbono que pode ser economicamente aproveitado mediante a adoção de práticas agrícolas simples que além de capturar e armazenar o carbono, ainda aumenta a qualidade e a produtividade do solo.
Um dos maiores especialistas do mundo em conservação de solo e água, Rattan Lal defende que o Brasil não deve esperar a ratificação do Protocolo de Quioto para formalizar parcerias ou iniciar a comercialização do carbono. "Independentemente do Protocolo, nada impede que países grandes, como o Brasil, desenvolvam seus próprios programas de comércio de carbono", afirmou o professor, na palestra sobre práticas agrícolas e seqüestro de carbono, hoje, no auditório do Ministério da Agricultura.
Nos Estados Unidos, várias empresas já pagam aos agricultores de US$ 2 a US$ 6 por tonelada de carbono capturado e armazenado no solo. Rattan Lal reconhece que o valor pago ainda é "pífio" e que o preço justo ao produtor deve ser determinado pela comunidade cientifica com base em critérios científicos de custo/benefício.
"Cabe à comunidade avaliar e quantificar os benefícios diretos e indiretos do seqüestro do carbono no solo", afirmou Rattan, ressaltando que, no Brasil, a Embrapa terá papel fundamental nesta área de pesquisa.
Rattan Lal informou que vários organismos internacionais, inclusive o Banco Mundial, já têm linhas de financiamento para a aquisição de créditos de carbono e sugeriu que os agricultores brasileiros se organizem em cooperativas para a comercialização de cotas mínimas de 2 milhões de toneladas.
Segundo o professor, técnicas simples como o controle da erosão e o plantio manejado, cultivo direto e aproveitamento de resíduos podem potencializar o solo brasileiro. Ele explicou que o simples ato de arar a terra libera carbono e nutrientes do solo: "Arar a terra desnecessariamente é um desperdício de nutrientes".
Autor de 814 publicações científicas, há anos Rattan Lal estuda a dinâmica dos principais sumidouros naturais de carbono. Ele informou que os oceanos são capazes de armazenar carbono por até 100 anos, contra 35 anos no solo, 10 anos na vegetação e 5 anos na atmosfera.