Rio,18/8/2003 (Agência Brasil - ABr) - A formulação de uma nova matriz energética brasileira, que leve em conta o planejamento conjunto de suas três variáveis, que são as diversas fontes primárias de energia, os processos de transformação e os consumidores, representará ganhos em termos de eficiência energética e redução de custos. A análise foi feita hoje pelo presidente da Associação Brasileira de Engenheiros Eletricistas (ABEE), Luiz Oswaldo Aranha
Outras vantagens que o planejamento conjunto, envolvendo cada segmento energético, trará são o melhor aproveitamento das fontes energéticas nacionais, evitando a importação, e a utilização mais incisiva de energias renováveis, como o biodiesel e a biomassa, citou Aranha, lembrando ainda que a nova matriz poderá começar a orientar as empresas não apenas em função de acontecimentos de mercado, mas de interesses da nação.
O presidente da ABEE afirmou que a manutenção da iniciativa de orientar os investimentos em segurança do sistema, como vêm fazendo a Eletrobrás e o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), impedirá que ocorram no Brasil problemas de segurança como os verificados na última semana nos Estados Unidos, onde a decisão dos investimentos ficou por conta dos empresários. Aranha deixou claro que os registros recentes de apagão no Brasil foram rapidamente corrigidos justamente pela atuação da Eletrobrás e do ONS no processo de segurança do sistema.
Ele informou que na década de 70 houve uma tentativa para se fazer uma matriz energética, que acabou arquivada. Na ocasião, foram contratadas as cinco maiores consultorias do Brasil que levaram dois anos para formular um projeto. Há três anos, sob a coordenação do atual secretário executivo do Ministério de Minas e Energia, Maurício Tolmasquim, a Coordenação de Programas de Pós-Graduação em Engenharia (COPPE), da UFRJ, fez um estudo também com esse objetivo.
Por meio de um debate amplo, visando a coleta de subsídios para que o Ministério possa restabelecer um planejamento matricial, a ABEE e o Sindicato das Indústrias de Energia Elétrica(SINERGIA) promovem no dia 25, na sede da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), o seminário "Contribuições para o Estabelecimento da Nova Matriz Energética".
A idéia é levar o evento a mais cinco estados polarizadores, concluindo as apresentações em Brasília, já com o encaminhamento das conclusões ao governo federal. O secretário executivo Maurício Tolmasquim abrirá o encontro junto com o secretário estadual de Energia, Indústria Naval e Petróleo do Rio de Janeiro, Wagner Victer.
O evento reunirá representantes do governo, das agências reguladoras, das empresas representativas dos segmentos produtores e dos setores consumidores e dará início a um debate nacional sobre as mudanças na disponibilidade, oferta, produção e consumo de energia no país.
As diversas fontes primárias de energia são petróleo e gás natural, energia hidráulica, biomassa, energia solar, energia nuclear, energia eólica, enquanto os processos de transformação visam a obtenção de eletricidade, produtos combustíveis, energia mecânica e energia térmica. Além disso, a matriz deve incluir os consumidores que são de tipos variados: residencial, industrial (maior percentual), comercial, de transportes e agrícola.