Santo Domingo, 17/8/2003 (Agência Brasil - ABr) - O presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Carlos Arthur Nuzman, destacou em entrevista coletiva, neste domingo, a evolução do esporte brasileiro constatada nos Jogos Pan-Americanos de Santo Domingo. Em relação à última edição dos Jogos, em Winnipeg-99, o Brasil apresentou um crescimento de 21% no número total de medalhas (de 101 para 122); sendo de 23% nas medalhas de bronze (de 44 para 54), 25% nas de prata (de 32 para 40) e 12% nas de ouro (de 25 para 28). Esses números não levam em consideração as possíveis mudanças que podem ocorrer em decorrência dos casos de doping de outros países apresentados nos Jogos e a prova de ciclismo (estrada 195km) que encerra a competição, neste domingo. "O nosso objetivo, que era superar o número de medalhas de Winnipeg, foi atingido, mesmo com a diminuição do número de medalhas em disputa", disse Nuzman, destacando a importância da participação na competição. "Ninguém consegue ser campeão olímpico sem passar antes por Jogos Sul-Americanos e Pan-Americanos", disse o presidente.
Nuzman afirmou que a evolução do nível de equipes e atletas brasileiros, assim como o aumento do número de medalhas, não seria possível sem os recursos da Lei Agnelo-Piva. A Lei nº 10.264, de 16 de julho de 2001, concede recursos regulares oriundos das Loterias Federais ao COB, que repassa ás Confederações Olímpicas Brasileiras. "A Lei Agnelo-Piva foi fundamental porque deu tranqüilidade ao COB e ás Confederações para que se pudesse haver um planejamento para a competição, coisa que nunca aconteceu. Com recursos esporádicos não se desenvolve o esporte de um país", afirmou Nuzman. "Os recursos da Lei só começaram a ser aplicados há apenas um ano e meio, em fevereiro de 2002. Ainda temos um longo caminho pela frente. Nenhum esporte consegue chegar ao topo com menos de oito anos de trabalho planejado", disse Nuzman, explicando que os custos da participação brasileira em Santo Domingo ficaram em torno de R$ 6 milhões. "Algumas contas ainda não estão fechadas e este é um total aproximado", explicou Nuzman.
O Departamento Técnico do Comitê Olímpico Brasileiro fará, até o fim de setembro, uma avaliação dos resultados dos Jogos Pan-Americanos, que pode alterar o percentual de verbas oriundas da Lei Agnelo-Piva recebido pelas Confederações. "Pela primeira vez nós pudemos fazer um trabalho comparativo das modalidades, percebendo se o esporte evoluiu ou não. A alteração do percentual para cada modalidade terá como critérios a participação em Santo Domingo, além das perspectivas de classificação para os Jogos Olímpicos de Atenas, no ano que vem", explicou Nuzman, enfatizando que os recursos da Lei Agnelo-Piva não são suficientes para transformar o Brasil em uma potência olímpica. "Sem a Lei nós não teríamos esses resultados, mas os recursos não são suficientes para construir o país esportivo como nós e o povo brasileiro desejamos", afirmou Nuzman.
Durante a coletiva, o presidente do COB, acompanhado do chefe da missão brasileira em Santo Domingo, Marcus Vinícius Freire, e do sub-chefe da missão, José Roberto Perillier, apresentou, além da evolução do número de medalhas, uma análise comparativa de cada modalidade em relação aos Jogos de Winnipeg. Dos 485 atletas brasileiros que participaram dos Jogos de Santo Domingo, 294 voltaram para casa com pelo menos uma medalha conquistada, o que representa 61% de aproveitamento.
O Brasil conquistou medalhas em quatro modalidades a mais em Santo Domingo, sendo lutas, pentatlo moderno, saltos ornamentais e futebol. "Há dois anos nem existia uma Confederação de Lutas no Brasil, hoje a gente já tem uma medalha em Jogos Pan-Americanos. Nos saltos ornamentais, nunca havíamos conquistado uma medalha. Em Santo Domingo conquistamos três", lembrou Nuzman.
Nos Jogos que se encerram neste domingo, o Brasil conseguiu classificar o handebol masculino e feminino para os Jogos Olímpicos de Atenas, assim como nove atletas da natação, um do pentatlo moderno, um no tiro e dois no hipismo. O nadador Gustavo Borges, os revezamentos 4x100m livre masculino e 4x200m livre masculino e feminino já estavam classificados antes do Pan. O mesmo acontece com as seguintes classes da vela: finn, laser, star e mistral masculino. "Hoje a gente sente o atleta brasileiro com ambição pela vitória, pela classificação para os Jogos Olímpicos. É fundamental dar essa condição ao atleta", comemorou Nuzman. No entanto, ele criticou a participação no vôlei de praia. "Deve-se lutar por um calendário internacional compatível, com a disputa do Circuito Mundial e dos Jogos Pan-Americanos e Olímpicos. Se o atletismo e a natação conseguem conciliar, por que não o vôlei de praia?", indagou. "Os atletas optaram pelo Circuito, mas não acho que tenham tomado a melhor decisão. Se alguma modalidade me deixou machucado neste Pan, esta foi o vôlei de praia", afirmou.
Em relação à organização dos Jogos Pan-Americanos, Nuzman elogiou as instalações construídas na República Dominicana. "Os Jogos surpreenderam pelas belas instalações. A Vila Pan-Americana foi a melhor Vila de todos os Jogos Pan-Americanos", afirmou Nuzman. "Com relação à organização, acho que deixou muito a desejar", disse Nuzman.
Rio 2007 - O presidente do COB antecipou que para os Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro, em 2007, será seguido o programa dos Jogos Olímpicos de 2008, mais o futsal. As outras modalidades que normalmente são disputadas em Jogos Pan-Americanos irão passar por uma análise do CO-Rio (Comitê Organizador dos Jogos Pan-Americanos Rio 2003) junto a ODEPA (Organização Desportiva Pan-Americana) antes de serem confirmadas nos Jogos do Rio. "Há alguns esportes que dão muitas medalhas para o Brasil, mas não tem uma Federação Internacional organizada e trazem muitos problemas para o evento. Isso não pode acontecer", afirmou Nuzman.