Brasília, 15/8/2003 (Agência Brasil - ABr) - O ministério do Meio Ambiente deu início à preparação da Conferência Nacional do Meio Ambiente, marcada para os dias 28 a 30 de novembro. Durante esta semana, ambientalistas nacionais e estrangeiros, pensadores e membros de instituições governamentais se reuniram no seminário Diálogos para um Brasil Sustentável. As propostas discutidas durante o evento serão levadas à Conferência como contribuição para a elaboração de políticas públicas de governo. Os debates abordaram temas como ecodesign, agroecologia, educação para a sustentabilidade, e energias renováveis.
O físico Fritjof Capra, um dos organizadores do evento, falou sobre seu trabalho de educação para a sustentabilidade. Definindo o termo, o físico ressaltou que uma comunidade planejada para a sustentabilidade significa uma sociedade onde os processos produtivos e as relações sociais não interferem na capacidade da natureza de sustentar a vida. A experiência de Capra, desenvolvida no Centro para Ecoalfabetização da Califórnia (EUA), leva os alunos a adotarem nova postura perante o meio ambiente a partir do entendimento da natureza. A pedagogia utilizada por Capra é o aprendizado a partir do contexto da vida, "aprendendo no mundo real". O segredo para um modelo de sucesso, ressaltou, é a motivação dos alunos para que eles estejam "emocionalmente engajados".
Na palestra, Fritjof Capra afirmou que o Brasil poderá recriar uma pedagogia para a sustentabilidade. A idéia também foi defendida pelo secretário de Desenvolvimento Sustentável do Ministério do Meio Ambiente, Gilney Viana. Para o secretário, o programa de educação ambiental é tímido, mas pode funcionar no País. Ele disse que o governo está reformatando o Programa que, por isso, foi incluído do Plano Plurianual 2004-2007. Viana considera que a transversalidade defendida pela ministra Marina Silva é um instrumento para a educação ambiental. "Nossa ação, na esfera inter governamental, é incluir as questões ambientais no conjunto de ações do governo", explicou.
Outro tema muito discutido foi a geração de energia renovável. De acordo com o ambientalista Amory Lovins, do Rocky Mountain Institute, da Califórnia, o Brasil produz e usa mais energia renovável do que qualquer outro país no mundo, referindo-se ao fato de que, no País, mais de 90% da energia elétrica vem da geração hidrelétrica, e pouco mais de 30% dos combustíveis para automóveis são provenientes do etanol, produzidos com a cana-de-açúcar. Apesar disso, Lovins afirmou que alguns usos de recursos renováveis no Brasil não são sustentáveis. O ambientalista defende que o Brasil persiga algumas metas, como a de depender de fontes renováveis de energia, e a de gerir os recursos renováveis para a sustentabilidade. O grupo que discutiu o tema sobre energias limpas e renováveis propôs uma moratória ao programa nuclear brasileiro, o que significa dizer não à construção de Angra 3.
O evento Diálogos para um Brasil Sustentável foi considerado por vários participantes como uma iniciativa positiva do governo brasileiro. De acordo com Fritjof Capra, o Brasil é um dos poucos países que pode mudar o paradigma do planeta implementando políticas públicas voltadas para a sustentabilidade. "Estamos aqui para cooperar com o governo Lula no desenvolvimento de projetos ecologicamente sustentáveis", afirmou.
Diálogos para um Brasil Sustentável foi promovido pelo Ministério do Meio Ambiente em parceria com o físico Fritjof Capra, com o Instituto Ecoar para a Cidadania e com o Programa Brasil Sustentável e Democrático.