Brasília, 14/8/2003 (Agência Brasil - ABr) - Existem coisas que são ditas de uma maneira e repercutem de outra. O comentário foi feito pelo ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, sobre declaração do procurador-geral da República, Cláudio Fonteles, de apoio à ocupação de propriedades rurais por movimentos sociais. Segundo o ministro, o direito à propriedade deve ser respeitado, "mas não existe nenhum direito absoluto".
"Com toda a amizade e com todo respeito que tenho pelo procurador Cláudio Fonteles, eu acho que a gente precisa ter cuidado, porque às vezes você fala uma coisa e tem uma repercussão maior do que aquilo que você efetivamente queria dizer", observou. Questionado se as afirmações do procurador podem provocar mais acirramento no campo, o ministro disse que não terão esse efeito. "Nós temos um clima forte de reivindicação, mas que está sendo controlado", enfatizou.
O ministro comentou as declarações de Fonteles durante a posse dos novos diretores e da corregedora-geral da Polícia Federal. A nova equipe é o primeiro passo para a reestruturação da Polícia Federal, depois de 20 anos. O departamento vai contar agora com delegacias especializadas no combate a crimes contra o meio ambiente, patrimônio histórico, tráfico ilegal de armas e crime organizado. As investigações de crimes financeiros e lavagem de dinheiro ficarão centralizadas em delegacias em São Paulo, Rio de Janeiro e no Distrito Federal, vinculadas a diretoria de combate ao crime organizado.
De acordo com o ministro da Justiça, a nova estrutura visa agilizar o trabalho dos policiais federais e criar uma cultura de que a lavagem de dinheiro é um crime grave. "Existem pessoas que ainda acham este crime razoável".
O diretor-geral da Polícia Federal, Paulo Lacerda, informou que neste momento não haverá contratação de pessoal para compor as novas delegacias, mas que isso não vai prejudicar o trabalho. Disse que o departamento já está em processo de formação de novos agentes e que há perspectiva de novas contratações no ano que vem.