Brasília, 14/8/2003 (Agência Brasil - ABr) - O ministro da Cultura, Gilberto Gil, disse hoje, ao visitar o Liceu de Artes e Ofícios da Bahia, que o patrimônio histórico brasileiro está ameaçado. Acrescentou que o Ministério da Cultura não pode se furtar de preservar a alma brasileira e colaborar com casos como o do Liceu, "um exemplo de sonhos que vão passando de geração em geração". Durante a visita do ministro à Bahia, iniciada hoje, o Pelourinho parou para ver sua passagem. Grupos musicais como Os Filhos de Gandhi, o Ilê Ayê, a Banda Didá, jovens artistas negros e mestiços, foram todos ao Centro Histórico de Salvador prestar homenagem ao primeiro ministro da Cultura baiano.
O Liceu de Artes e Ofícios da Bahia comemora 130 anos de atividades. Depois de ser recebido com cânticos africanos e conhecer os projetos de preservação do Liceu, Gil fez um discurso emocionado. Lembrou que foi no antigo casario onde funcionava a Rádio Excelsior que ele se apresentou pela primeira vez em público tocando acordeão.
Acompanhado da multidão, Gilberto Gil seguiu caminhando pelo Pelourinho rumo ao Museu dos Correios, onde fez a abertura da Arte Negra Brasileira em Exposição. Na parte da tarde, participou do Fórum Universidade Pensa Brasil, na Universidade Federal da Bahia (UFBA), sobre as perspectivas da atual política cultural no país.
Fórum
No Museu de Arte Sacra da UFBA, depois de o assessor especial do ministro, Paulo Miguez, fazer algumas propostas, Gil recebeu dos reitores brasileiros um documento com considerações, e proposições de parceria com o Ministério da Cultura. O documento foi entregue pelos reitores Naomar de Almeida, da UFBA, e Wrana Panizzi, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Participou da mesa do encontro Paloma Amado, filha de escritor Jorge Amado, que dirigiu a Secretaria de Cultura do Ministério da Educação (MEC) no governo João Figueiredo.
Ao se dirigir aos reitores, o ministro disse que a cultura do Brasil não se cabe mais e já ultrapassou todas as fronteiras. "Essa nossa riqueza cultural é importante para a estratégia da relação do Brasil com a humanidade. Mas isso também é dramático, porque não temos dinheiro para o mínimo que deve representar o Ministério da Cultura de um país como o Brasil". Em seguida, indagou: "Onde está o dinheiro? O dinheiro não está indo para a produção. Dinheiro, no mundo, só produz dinheiro. Por que o contingenciamento de 51% para o ministério, que tem tão poucos recursos? Apesar de tudo isto, temos que viver com dignidade. Vamos remendar nossos trapos. Vamos costurar nossos vestidos. Tripas vazias, mas corações cheios. Estamos aqui porque queremos dialogar, encontrar condições. Relembrar dos tempos de Edgar Santos, que fez da Universidade da Bahia um sonho", afirmou. Agora à noite, Gil ministra aula magna na Universidade Federal da Bahia.
Amanhã (15), às 11h, Gilberto Gil participa de um dos maiores eventos literários do país: a abertura da Bienal do Livro em homenagem ao poeta Waly Salomão, no Centro de Convenções de Salvador. Ele almoça com o governador Paulo Souto, no Palácio de Ondina, e após o almoço assina atos com o governador e o secretário de Cultura, Paulo Gaudenzi. Às 16h30, no Salão Nobre da Reitoria da UFBA, Gilberto Gil e o presidente da Fundação Cultural Palmares, Ubiratan de Castro, encontram-se com artistas e intelectuais negros. À noite, Gil participa de um jantar com o prefeito Antônio Imbassahy, na residência do Horto. Após o jantar, às 22h, no Corredor da Vitória (Hotel Victoria Marina), Gil encontra-se com os correligionários de partido na festa do PV.
(Luis Turiba)
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