Encontro do Mercosul para Terceira Idade traz Avós da Praça de Maio a Brasília

13/08/2003 - 19h31

Brasília, 13/8/2003 (Agência Brasil - ABr) - "Onde está minha filha?" Com essa pergunta a vice-presidente da organização Argentina Abuelas del Plaza del Mayo (Avós da Praça de Maio), Rosa Tarlosvsky, colocou em pauta um assunto presente também aqui no Brasil, a busca pelos desaparecidos políticos. As Avós da Praça de Maio formam uma associação de mães dos desaparecidos da época da ditadura militar argentina. Segundo Rosa, cerca de 500 mulheres que integram o movimento estão na busca constante de seus parentes.

Em Brasília, durante o III Encontro do Mercosul sobre a Terceira Idade, que discute até a próxima sexta (15) políticas para os idosos, Rosa emocionou os participantes com sua história. Ela contou que em 1978, sua filha grávida de oito meses foi presa.

No campo de concentração, foi improvisada uma maternidade, onde nasceu seu neto, segundo informação obtida por Rosa. Após 22 anos de procura, ela encontrou o garoto, mas ainda não teve nenhuma notícia do paradeiro de sua filha. "Depois de 25 anos que roubaram minha filha, não tenho muita esperança de encontrá-la com vida, mas aguardo resposta do governo argentino", diz, emocionada.

Rosa denuncia o intercâmbio de prisioneiros que ocorria principalmente entre Argentina, Peru e Brasil, países que, nos anos 70, viveram governos ditatoriais. Na Argentina, foram cerca de 30 mil mortos ou desaparecidos. "Encontramos algumas pessoas de outros países na Argentina. Alguns foram crianças com idade entre 5 e 6 anos adotadas lá. Também encontramos nossos netos no Chile e Uruguai", disse.

"Esses países criaram, nessa época, uma espécie de Mercosul do terror", disse o ministro da Secretaria de Direitos Humanos, Nilmário Miranda, em sua participação no Mercoseti, na tarde desta quarta, 13. Ele afirma que já foram reconhecidos desaparecidos políticos no Brasil 281 pessoas. Todas as famílias tiveram a reparação moral e histórica. Existem mais 101 famílias que reivindicam a reparação. Nilmário informou também que será criado um banco de DNA para guardar as informações em qualquer momento em que forem encontradas novas ossadas de prováveis desaparecidos. "Nesse sentido, o país está fazendo um trabalho de política pública quase permanente", disse.