Crescimento do Brasil passa por investimentos em educação e tecnologia, diz Scheinkman

13/08/2003 - 12h15

Brasília, 13/08/2003 (Agência Brasil - ABr) - O economista José Alexandre Scheinkman, PHD em economia pela universidade de Rochester e professor de economia na universidade de Princeton, nos Estados Unidos, disse hoje, no programa "Bom dia Brasil", da TV Globo, que para aumentar o crescimento sustentável no Brasil são necessários: aumento da taxa de investimento, da taxa de educação e da produtividade. Para isso, segundo ele, é preciso reduzir a informalidade e aumentar os gastos com Ciência e Tecnologia. Na opinião dele, com o uso de tecnologia nacional será possível aumentar a integração do País com o resto do mundo.

O economista disse que o aumento da taxa básica de juros no começo do governo foi importante para debelar a inflação, mas que agora o Banco Central deve acentuar a queda dos juros."Acho que agora nós temos que fazer o caminho inverso na mesma velocidade. A inflação caiu e está na hora de baixar as taxas de juros, ficando com a taxa real para que a diferença entre a taxa de juros que o Banco central cobra e a taxa de inflação não fique muito alta. Eu teria feito as coisas um pouco mais rápida até agora, mas ainda há tempo", disse.

Quanto à redução do Imposto de produtos Industrializados (IPI), para garantir emprego e renda, ele disse que isso não funciona." Se fosse para reduzir o IPI, deveria em primeiro lugar se reduzir de forma permanente e não de forma temporária. Em segundo lugar, deveria se reduzir tudo, e não sobre uma indústria especial como a indústria automobilística. Eu não sei o que a indústria automobilística tem de especial e que os produtores de trigo não tem", explicou.

Scheinkman não acredita, ao contrário da previsão do ministro do Planejamento Guido Mantega, que o país vá exportar US$ 100 bilhões por ano no final do mandato do presidente Lula. Além disso discorda de uma corrente do governo que não prioriza as importações. " O Brasil hoje é um país que importa muito pouco para se viver de exportador. Nós importamos como produção do PIB, aproximadamente, um terço do que a Coréia do Sul importa em equipamentos e máquinas. É muito difícil se tornar um grande exportador sem importar", garantiu".

Em relação à educação, o economista disse que " a experiência internacional é muito clara nisso. Os países que conseguiram crescer fizeram um grande trabalho de educar a sua população. A verdade é que o Brasil está investindo mais, mas acho que o Brasil devia investir de forma mais eficiente" e exemplificou : um aluno de uma escola secundária no Brasil custa muito menos que um aluno de uma escola secundária na Coréia do Sul, ou nos países mais avançados e criticou que um aluno de uma universidade pública do Brasil custe tanto dinheiro como nos países mais avançados. Para Scheinkman,a escola secundária deveria priorizada.