Brasília, 11/8/2003 (Agência Brasil - ABr) - Dados coletados pela estudante de Biologia Elane Oliveira da Silva, da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf), sobre a Lagosta de São Félix - na verdade, um camarão de água doce, denominado "pitu" - foram publicados em um manual que, em 27 páginas, ensina os pescadores como preservar a espécie ameaça de
extinção em todo o estado do Rio, de acordo com o Ibama.
Autora da primeira monografia de final de curso das Licenciaturas da Uenf, Elane concluiu que não adianta promover o defeso da espécie para um dado período, uma vez que ela se reproduz o ano todo. O ideal, segundo ela, seria fazer com que os pescadores não capturem mais fêmeas ovadas, bem como indivíduos menores que 11,5 cm - tamanho mínimo para que a fêmea realize a sua primeira reprodução, é o chamado defeso do tamanho mínimo de captura.
A lagosta é muito reprodutiva. Cada fêmea produz de 60 mil a 240 mil ovos. Muitos morrem, mas, mesmo assim, a taxa de sobreviventes é muito alta. "Se cada fêmea pudesse realizar pelo menos uma reprodução durante sua vida já seria muito bom" - a estudante. Segundo Elane, embora a lagosta esteja presente em outras partes do Rio Paraíba, sua área reprodutiva principal é o município de São Fidélis, devido às pedras e corredeiras. Depois da desova, as larvas descem para o estuário, em Atafona, onde permanecem de 56 a 65 dias. "O estuário do Rio Paraíba do Sul", explica, "é uma espécie de berçário das lagostas, que ali se desenvolvem, sofrem sua metamorfose e depois retornam para o habitat natural, nadando contra a corrente.
Embora seja chamado de lagosta pela população, o pitu tem características bem diferentes, a começar pela cor, amarronzada. Além disso, o camarão tem duas quelas (chamadas também de puãs) que servem como meio de locomoção e são inexistentes nas lagostas verdadeiras.
A monografia de Elane, com o título "A informação científica como ferramenta na formação da consciência ecológica para proteção da Lagosta de São Fidélis (Macrobrachium carcinus Linnaeus, 1758)", foi a vencedora do concurso organizado pela Ong Ecos Rio Paraíba. O próximo passo é a produção de um vídeo educativo sobre o tema que, assim como o manual,
será distribuído nas escolas de São Fidélis. (Ascom Uenf)