Brasília, 11/8/2003 (Agência Brasil - ABr) - Suspense até os últimos segundos, com um final emocionante e inédito para o handebol masculino brasileiro nos Jogos Pan-Americanos, hoje, em Santo Domingo. Ao invés do choro da derrota, depois de três medalhas de prata consecutivas, todas em decisões contra Cuba (Havana 91, Mar del Plata 95 e Winnipeg 99), as lágrimas dos brasileiros foram de alegria pela vitória sobre seu maior e histórico rival no esporte, a Argentina, e pelo inédito ouro. A dramática vitória de 31 a 30, após duas prorrogações, também deu ao Brasil a vaga para os Jogos Olímpios de Atenas, em 2004.
"Esse título era o sonho de todo mundo. Nós fizemos um pacto há quatro anos, em Winnipeg. Dissemos que um dia iríamos devolver tudo isso. Todo mundo está de parabéns. O handebol brasileiro merecia essa vitória", disse o armador Bruno Souza, referindo-se à derrota para Cuba em 99, por 38 a 37, nos tiros de 7 metros, também depois de duas prorrogações. O jogador foi o autor do gol da vitória a 25s do fim do jogo e artilheiro da partida com sete gols, ao lado do argentino Eric Gull.
Jogador mais experiente da equipe, com 37 anos, José Ronaldo, mais conhecido pela sigla SB, devido aos 19 anos de seleção, revelou que esta poderia ter sido sua última partida pelo Brasil. "Tracei um objetivo que era disputar os Jogos Olímpicos. Se eu perdesse, largaria a seleção e me dedicaria somente ao meu clube. É o dia mais feliz da minha vida. Infelizmente, terei que jogar mais um ano", brincou o atleta, medalha de prata em Havana 91 e Mar del Plata 95 e bronze em Indianápolis 87. SB também disputou os Jogos de Seul (88) e Barcelona (92). "Agora será diferente. O Brasil jogou porque Cuba havia desistido", completou.
A rivalidade entre os times do Brasil e da Argentina tornou-se mais acirrada a partir do ano passado, quando os argentinos venceram o Campeonato Pan-Americano de Buenos Aires e os Jogos Sul-Americanos, em São Bernardo (SP). No primeiro jogo, vitória argentina por 22 a 21. Na segunda competição, dois encontros. Na quarta rodada, triunfo dos "hermanos" por 22 a 18. Na final, outra comemoração argentina: 20 a 18. "Após o Pan-Americano, o Eric Gull disse que nós éramos medrosos. O troco não poderia ter sido dado de outra forma", disse Alexandre Folhas, jogador que iniciou o contra-ataque do Brasil que resultou no gol de Bruno.
Também muito emocionado, o técnico Alberto Rigolo projetou o objetivo do Brasil para os Jogos Olímpicos de Atenas. "Vamos lutar por uma boa campanha. Não iremos só participar. Nosso objetivo é ficar entre o sexto e o nono melhores times", afirmou o treinador, antes de tomar um banho de água dos jogadores.