Brasília, 11/08/2003 (Agência Brasil - ABr) - Ministros e técnicos das áreas de infra-estrutura e financiamento e desenvolvimento vão discutir, hoje, estratégias com o presidente Luíz Inácio Lula da Silva. O governo pretende levantar em parceria com a iniciativa privada R$ 60 bilhões nos próximos anos. Segundo o economista, Antônio Barros de Castro, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em entrevista ao "Bom Dia Brasil", da TV Globo, o problema da infra-estrutura tem que ser "preparado com antecipação porque é uma política lenta".
Ele alertou que enquanto na política monetária as reações são rápidas à baixa e subida dos juros, na infra-estrutura o processo é mais demorado. Necessita, portanto, de medidas antecipativas. Lembrou que é preciso organizar o investimento, observar regras e legalidade. "Há todo um problema de atores, que é complicadíssimo. Então, isso tem que ser previsto, preparado com antecipação".
Sobre a eficácia de algumas medidas por parte do governo para incentivar alguns setores, como o automobilístico, Antônio de Castro explicou que essas medidas, quando tomadas com prudência e moderação, são aceitáveis. "Mas é perigoso fazer muitas medidas de socorro. Primeiro, porque existe a resposta espontânea, que já deve estar engatilhada. Segundo, porque você pode comprometer recursos que amanhã ou depois de amanhã serão fundamentais".
Ressaltou que, felizmente, o apoio que houve neste momento foi tópico, só para o setor automobilístico, e termina em novembro. Ou seja, foi bastante prudente. Se a reação começar, e ela deve começar, aí, então,é que se colocam novas questões: "será que ela se propaga, por exemplo, passando do comércio para a indústria e da indústria para o emprego ? E aí começa a se formar um círculo virtuoso de expansão, uma espiral de expansão ? Essa é a grande questão. E as grandes ameaças a isso, quais são? Primeiro, é preciso saber o que vai acontecer com o balanço de pagamentos, as exportações e as importações, quando o país voltar a crescer", afirmou.