Biblioteca de Brasília ensina crianças e adultos a contar histórias

09/08/2003 - 9h48

Brasília, 9/8/2003 (Agência Brasil - ABr) - A Biblioteca Demonstrativa de Brasília promove desde 1995 uma iniciativa curiosa: uma oficina para formação de contadores de histórias. Coordenada pela professora Therezamaria Campos, o projeto vem desenvolvendo trabalhos com crianças e adultos em todo o Distrito Federal.

Segundo a professora, este projeto foi criado no Rio de Janeiro durante a gestão do escritor Affonso Sant’anna como diretor da Biblioteca Nacional. O objetivo do trabalho era estimular a leitura e resgatar a obra dos contadores de histórias, sempre centrada na oralidade como forma de perpetuar tradições. Este é o motivo pelo qual, durante a oficina, todas as histórias são contadas sem outros recursos que não sejam a voz e o gestual do contador. Assim, a narrativa torna-se o centro das atenções.

Therezamaria diz que seu interesse por histórias surgiu na infância, quando lia os livros de Monteiro Lobato. Quando era criança, os presentes favoritos eram livros de contos infantis. Talvez essa seja a razão porque sempre trabalhou em bibliotecas, embora seja formada em História.

A pedagoga Maria Carolina Machado, uma das alunas da oficina, disse que sempre quis fazer este curso, porque é uma forma de aperfeiçoamento e também um modo de conhecer novas narrativas. "Trabalho com crianças de três anos. Quem domina a técnica de contar histórias consegue facilmente prender a atenção delas", diz Carolina, com a autoridade de quem tem que lidar todo dia com uma turma de ouvintes inquietos.

Um outro aluno, o economista Marco Antônio Campos, admitiu que sempre teve interesse pela oficina de contadores de histórias. "Há três anos venho acompanhando a divulgação nos jornais, mas nunca vim participar porque achava que era somente para crianças". Segundo o economista, ele só decidiu fazer o curso depois que soube que seu colega de trabalho era filho da professora. Foi quando descobriu que a oficina era para pessoas de todas as idades.

Therezamaria afirma que o contador de histórias também é responsável pela criação da ambiência afetiva e pela socialização dos participantes do grupo. Por isso, acredita que todo professor deveria ser um contador de histórias. "Ninguém escapa a uma história bem contada. Nós esquecemos uma fala, mas jamais esquecemos a mensagem", diz a professora.