Brasília, 8/8/2003 (Agência Brasil - ABr) - O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), divulgou, há pouco, nota para rebatendo a declaração de repúdio da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (CONTAG) à ação de integrantes do movimento que ocuparam, na última quarta-feira (6), uma área da usina Catende, na zona da Mata de Pernambuco. A nota da CONTAG diz ser "inadmissível que o MST, sob pretexto de combater o latifúndio, jogue trabalhadores contra trabalhadores".
Segundo a direção do MST em Pernambuco, os integrantes não ocuparam a Usina Catende. Eles estão apenas prestando apoio a 23 associações de Engenhos da Catende, o equivalente a 600 famílias, que não concordam com a administração adotada na usina. A direção disse também que as famílias acamparam às margens da estrada PE-102 para reivindicar "a desapropriação desses 23 engenhos, de um total de 48 engenhos que compõem a Usina Catende".
De acordo com as lideranças, os trabalhadores da Usina procuraram o MST para apoiar o acampamento porque "não podem correr o risco de perder tudo". Em 2004, vence o prazo de intervenção e administração do consórcio de filiados da Federação dos Trabalhadores na Agricultura de Pernambuco (Fetape) que comanda a Usina desde 1994. Os trabalhadores temeriam a possibilidade de a CONTAG perder a administração da Usina, o que afastaria "a possibilidade de ver realizar a reforma agrária nas terras da Usina Catende".
O Movimento reconheceu que já ocupou as terras da região em maio de 1995 e em 1998. Segundo a nota, em 1995, o acampamento só foi desmontado depois de um acordo firmado com o governo do estado, destinando 50% das terras da Usina para a reforma agrária.
O MST acrescenta que sempre defendeu a desapropriação pelo INCRA das terras da Usina Catende para a reforma agrária, com a ressalva de que sejam "respeitados os direitos trabalhistas de todos os trabalhadores que deverão se habilitar no processo de desapropriação para receberem seus direitos e assentar nessas terras, prioritariamente os trabalhadores e trabalhadoras moradores destes Engenhos e desempregados da Usina".