Taylor adia data para deixar o poder na Libéria, apesar da pressão internacional

07/08/2003 - 12h20

Brasília, 07/08/2003(Agência Brasil-ABr/Lusa) - O presidente da Libéria, Charles Taylor, cancelou a ida ao parlamento, nesta quinta-feira, quando deveria anunciar a intenção de abandonar o poder, informou o seu porta-voz, garantindo, no entanto, que o chefe de Estado se demitirá na próxima segunda-feira.

Charles Taylor deveria também anunciar o seu sucessor, mas o vice-presidente da Libéria, Moses Blah, um dos candidatos, considerou prudente que o presidente não o fizesse, uma vez que poderia provocar uma maior instabilidade política no país. O outro possível sucessor de Taylor é o porta-voz do Parlamento, Nyundueh Monkomana.

O enviado das Nações Unidas à Libéria, Jacques Paul Klein, apelou quinta-feira ao presidente liberiano para que abandone o país antes de ser detido, uma vez que existe um mandado internacional de captura contra Taylor, acusado pelo Tribunal Penal Internacional de crimes de guerra e contra a humanidade por suposta participação na guerra civil da vizinha Serra Leoa.

Além disso, um assessor do presidente da Nigéria – país que está contribuindo com os primeiros soldados da força de paz enviada à Libéria – disse que Taylor está dando sinais de que não está disposto a aceitar a oferta de asilo político feita pelo governo nigeriano.

Em um recado ao presidente, o representante da ONU disse que é melhor ele aproveitar logo a chance de sair do país. "O mandado não vai desaperecer, e o tribunal estará lá por vários anos. Portanto, vá enquanto a oferta é boa", afirmou Jacques Klein.

EUA

Além da ONU, o governo americano voltou a fazer pressões para que Taylor saia do país.

"Todo mundo, exceto aquele indivíduo (Taylor), parece sentir que seria melhor para o país se ele se retirasse", afirmou o secretário de Defesa, Donald Rumsfeld, nessa quarta-feira.

Um pequeno contingente de fuzileiros navais americanos chegou ontem(6) à capital da Libéria, Monróvia, para ajudar as tropas de paz que estão no país, preparando a chegada de ajuda humanitária.

A população de Monróvia, palco dos piores confrontos no país, está desesperada por comida, especialmente em áreas controladas pelo governo, onde alimentos como o arroz custam 20 vezes mais o preço cobrado nas regiões dominadas pelos rebeldes.

Isso se deve em parte ao fato de os rebeldes estarem distribuindo estoques de comida que estavam em galpões.

A ONU está pedindo quase U$ 70 milhões da comunidade internacional para fornecer comida, abrigo e assistência médica aos afetados pelo conflito.

A organização estima que o número de pessoas que deixaram suas casas ao redor e dentro da capital Monróvia dobrou desde junho.

Os riscos à saúde são muito altos, segundo a ONU, com mais de um milhão de pessoas expostas a doenças como a malária, a pneumonia, a cólera e o sarampo.

Com informações da rádio BBC.