Sugestões do CDES para retomada do crescimento estão prontas

06/08/2003 - 14h44

Brasília, 6/8/2003 (Agência Brasil – Abr) - O ministro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, Tarso Genro, disse hoje que as sugestões do órgão para a retomada do crescimento já no próximo semestre estão prontas, dependendo apenas de redação final para que sejam entregues ao ministro da Fazenda, Antônio Palocci, para avaliação. O ministro não adiantou o conteúdo das sugestões, 10 ao todo, declarando apenas que são medidas emergenciais e não propostas de "pacote". "São propostas bem claras, bem definidas, que se aplicadas vão induzir a retomada do crescimento já a partir de agora", disse.

Tarso Genro salientou que a negociação em câmaras setoriais para a retomada do crescimento é um elemento importante para o crescimento e que o conselho vai insistir na redução da taxa de juros, uma das propostas já divulgadas. "Com a prevenção de que não deve ser um rebaixamento aventureiro, nem voluntarista. Tem que ser um rebaixamento pensado, mas firme e o mais rápido possível", afirmou.

O ministro participou de debate entre integrantes do CDES e os professores Marilena Chauí, Sérgio Abranches, Lucio Kowarich e Luiz Otávio Cavalcanti, que falaram de forma abrangente sobre a atuação do conselho. "O conselho tem que saber o que estão pensando dele de fora para dentro", observou o ministro. O tema do encontro foi "Democracia e Ampliação do Diálogo Social".

O professor Sérgio Abranches apontou o diálogo como instrumento de inclusão social, aliado a uma visão comum de desigualdade. "O maior desafio do Brasil é de compreender porque somos tão desiguais", disse. Ele acrescentou não acreditar em política social como instrumento para resolver as desigualdades, esclarecendo porém que "é preciso assumir que toda política pública tem um componente social", porque tem que ser vista como um efeito distributivo.

A filósofa Marilena Chauí disse que na história recente do país a noção de consenso político foi amortecida e não foi vista como acontecimento do conflito que constitui a democracia. "A sociedade só é democrática quando tem força para instituir direitos", afirmou. Ela criticou o abandono das políticas sociais e o ingresso da política de privatização e desregulamentação da economia. Defendeu ainda que o governo deve prioritariamente informar à sociedade sobre o que acontece na esfera pública, "senão, não há participação".

O professor Lúcio Kowarich fez uma análise da formação do CDES e disse que a idéia de criação do conselho não é uma prerrogativa do PT e defendeu a negociação como parte essencial da democracia. Para ele, a negociação supre uma sociedade conflituosa. Kowarich defendeu o conselho que, no início do governo chegou a ser chamado de "fábrica de idéias", mas que, no seu entender, representa mais que isso, porque tem um capital político muito grande. "É a força de opinião na mudança social e econômica do país", acentuou.

Na visão de Luiz Otávio Cavalcanti, a ação política do governo deve ser de transição apoiada em fundamentos de estabilidade econômica, e construída em regras de governabilidade democrática. Com isso, acredita, o governo vai alcançar níveis de desenvolvimento sustentado e inclusão social dentro de um ano e meio.