Brasília, 6/8/2003 (Agência Brasil - ABr) - Todos os anos, no dia 6 de agosto, a cidade de Hiroshima vive um ritual que relembra a dor física e emocional das pessoas que sofreram com o bombardeio atômico executado pelos Estados Unidos para forçar a rendição do Japão, na época forte inimigo na 2ª Guerra Mundial.
Os parentes dos mortos jogam laternas flutuantes nas águas do rio Motoyasu e rezam para que o mundo nunca mais experimente tragédia como aquela, vivida em 1945. Outra bomba atômica foi lançada, no dia 9, na cidade de Nagasaki. Foram cerca de 150 mil mortos no momento das explosões e mais de 100 mil feridos. No dia 15 de agosto, o Japão se rendeu. Analistas políticos afirmam, ainda hoje, que a rendição estava por vir, no máximo até novembro daquele ano e que o bombardeio foi algo taticamente desnecessário.
Anos após a explosão, centenas de pessoas ainda sofriam de queimaduras por causa da radiação e várias morriam em decorrência das lesões ou mesmo de câncer, doença que se desenvolveu devido ao poder dos elementos radioativos em provocar mutação nas células. Hoje, 58 anos depois da primeira explosão, o prefeito de Hiroshima, Tadatoshi Akiba, acusou os Estados Unidos de enfraquecerem o Tratado de Não-Proliferação Nuclear. "O tratado, acordo internacional central para eliminar as armas nucleares, está sendo desintegrado", disse Akiba, ao discursar para 400 mil pessoas na cerimônia anual de evocação do primeiro bombardeio atômico da história.
O prefeito convidou o presidente George W. Bush e o dirigente coreano Kim Jong II a visitarem Hiroshima para ver as conseqüências da guerra nuclear. "O mundo sem armas nucleares, que os sobreviventes da bomba reclamam há tanto tempo, parece ameaçado sob uma espessa camada de nuvens escuras que poderão transformar-se de um momento para outro em um cogumelo atômico", acrescentou Akida, referindo-se ao formato da nuvem de cor negra que se produziu logo após a explosão devido ao fogo e à intensão radiação. Às 8h15 (20h15 de ontem, em Brasília), hora em que o avião norte-americano Enola Gay lançou a bomba sobre a cidade, os participantes da cerimônia, realizada no Parque da Paz, fizeram um minuto de silêncio.
Em maio, o governo Bush obteve do Senado a suspensão da proibição para fabricar armas nucleares de potência reduzida. O orçamento na área de Defesa, para 2004, prevê US$ 15,5 bilhões para o estudo de uma bomba nuclear que possa penetrar no solo. O projeto Manhattan, de construção das bombas de urânio e plutônio, lançadas no Japão, levou seis anos para ser concluído e custou US$ 2 bilhões. (com informações da Folha On Line e da France Press)