Brasília, 5/8/2003 (Agência Brasil - ABr) - Alunos de 42 universidades privadas dedicarão parte da vida acadêmica à alfabetização de jovens e adultos, como parte do programa Brasil Alfabetizado, do Governo Federal. A parceria entre o Ministério da Educação e a Associação Nacional das Universidades Particulares (Anup) foi firmada hoje por meio de um protocolo de intenções assinado pelo ministro Cristovam Buarque e o presidente da entidade, Heitor Pinto Filho. A universidade interessada em participar do programa assinará posteriormente convênios específicos com o ministério. A meta do MEC é erradicar o analfabetismo no país até 2006.
O ministro Cristovam Buarque destacou o caráter solidário da iniciativa e o compromisso que a universidade engajada no programa terá com o futuro do Brasil. "Recentemente conversei com um empresário que me disse que toda às vezes em que ele tem que escolher um profissional entre dois, ele prefere aquele que participou de atividades solidárias, de colaboração civil com a sociedade", lembrou o ministro. No seu entendimento, o profissional que durante o curso universitário atuou com um programa de alfabetização, "será um profissional melhor, mais sensível, com mais capacidade de encontrar soluções para os problemas".
Para o Cristovam, a parceria também beneficiará as próprias universidades particulares, porque os jovens e adultos que aprenderem a ler e a escrever terão chances de concorrer a uma vaga no vestibular e de cursar um curso de nível superior. O ministro destacou o papel das instituições privadas de ensino superior na educação, afirmando que não seria bom para o país se todo o sistema educacional fosse estatal. "A educação exige liberdade, por isso não se pode proibir uma pessoa que quer montar um centro de educação que faça isso. A gente tem é que zelar pela qualidade dessa escola, para que o aluno que paga para estudar esteja recebendo um produto equivalente ao que ele está pagando", defendeu Cristovam.
O presidente da Anup, que é reitor da Universidade Bandeirante (Uniban), em São Paulo, acredita que até outubro 70% das universidades privadas já tenham um projeto de adesão ao programa. Ele lembrou que algumas delas acertaram a parceria com o MEC antes mesmo da assinatura do protocolo de intenções. Segundo Heitor Pinto Filho, devem participar do programa principalmente alunos da licenciatura, que são obrigados a cumprir 800 horas de estágio. "Nessas 800 horas, reservamos 400 horas para esse tipo de atividade, que pode ser desenvolvida inclusive na comunidade, associação de bairro, em núcleo de base da Igreja", explicou.
De acordo com ele, só na zona norte de São Paulo, onde se situam quatro unidades da Uniban, existem 18 favelas que poderão ser atendidas pelos alunos alfabetizadores.
A reitora da Universidade Salgado de Oliveira (RJ), Marlene Salgado de Oliveira, disse que, na entidade que ela representa, os alunos de licenciatura já atuam como alfabetizadores desde o ingresso no ensino superior, como parte do trabalho de conclusão de curso. Ela garantiu que a experiência acumulada desde a metade do ano passado, quando o projeto teve início, será oferecida ao Governo Federal.