Tênis de mesa do Brasil estréia quinta-feira nos Jogos de Santo Domingo

05/08/2003 - 17h35

Brasília, 5/8/2003 (Agência Brasil - ABr) - Se tivesse de disputar uma partida com todas as suas medalhas de Jogos Pan-Americanos penduradas no pescoço, Hugo Hoyama provavelmente agüentaria menos de um set. A equipe de tênis de mesa do Brasil, composta por uma maioria de estreantes no Pan e que estréia nesta quinta-feira (7) nos Jogos de Santo Domingo, na República Dominicana, vê nele um exemplo e muito mais. "É gostoso ser o 'paizão' da equipe. O pessoal me escuta bastante", garante ele, aos 34 anos e chegando ao seu quinto Pan como recordista brasileiro de medalhas de ouro nos Jogos (7, ao lado do nadador Gustavo Borges e de seu companheiro mesa-tenista Claudio Kano, morto em um acidente de moto em 1996).

Quase 20 anos mais nova do que Hoyama, Mariany Nonaka é, aos 15, a atleta mais nova do tênis de mesa do país a disputar uma edição dos Jogos. E vive uma sensação oposta: "É bom ser parte dessa equipe. Aprendo com eles, que me incentivam muito. Sendo a caçula, todo mundo me paparica". Ainda pertencendo à categoria infantil, mas competindo também no adulto, prefere não sonhar muito alto em Santo Domingo, sem esconder um saudável "abuso": "Meu objetivo é aprender. Não conheço as adversárias, só sei que são fortes. Mas vou para cima".

Falando em adversários, Hoyama traz uma informação que, em um primeiro momento, pode parecer estranha: os seus principais oponentes serão os chineses. "São os chineses importados, que se naturalizam para jogar por outros países. A Argentina terá um; parece que a República Dominicana, mais dois. Vai dificultar, mas não vai impedir a conquista de medalhas. São jogadores difíceis de derrotar, mas não imbatíveis", afirma.

E de conquistar medalhas ele entende. É dono de um terço das que o tênis de mesa do país ganhou em Pans (tem 10 e o esporte, 29) e travará uma disputa particular com Gustavo Borges pelo posto de recordista de ouros do Brasil nos Jogos. Disputa particular e um tanto desequilibrada, uma vez que as competições de duplas mistas e equipe não serão realizadas em Santo Domingo e Hoyama só poderá buscar duas medalhas douradas, no individual e em duplas, contra cinco que Gustavo tem chances de levar. "É uma disputa desigual, tanto nas chances de medalhas quanto na altura", diz ele, brincando e comparando os seus 1,69m com os 2,03m de Gustavo Borges: "É uma briga saudável, entre amigos. Com certeza, um vai torcer para o outro ganhar o máximo de medalhas".

O treinamento para encarar essa disputa incluiu viagens a competições internacionais para ele e para a equipe, custeadas com os recursos da Lei Agnelo/Piva, mas foi interrompido por uma lesão, que teve até seu lado bom: "Para mim, o Pan é o torneio mais importante. Tenho muita história nessa competição. Então, estava me cobrando demais nos treinos, ficando muito nervoso. Vinha sentindo uma dor no pulso esquerdo e, depois do Mundialito do Rio, tive de dar uma parada, que acabou sendo boa para minha cabeça. Agora, estou pensando apenas em jogar bem, mas passando para todos que disputar o Pan é diferente de jogar no Mundial. É preciso ir com uma garra maior porque vai ter muita catimba e todas essas coisas que acontecem em grandes competições de todos os esportes".

Nas duplas, os parceiros de Hugo Hoyama e Mariany Nonaka são os outros dois únicos integrantes da equipe que já disputaram o Pan, ganhando o bronze por equipe em Winnipeg, Canadá, em 99. Thiago Monteiro já joga há quatro temporadas na Europa, passando por Suécia, Alemanha e atualmente França, no clube Bayard Argentan, e tem vitórias sul e latino-americanas ao lado de Hoyama. E Lígia Silva passou quatro meses deste ano em Valência, na Espanha.

Apesar de todas as diferenças, Hoyama e Mariany olham para a frente em direção a um mesmo ponto - o Pan do Rio em 2007. Ele diz que este pode ser seu último Pan, mas sem tanta convicção: "Quero disputar os Jogos Olímpicos de Atenas no ano que vem, na Grécia. Isso com certeza. Mas acho que, quando estiver chegando o Pan do Rio, vai ter todo o envolvimento do país, eu posso acabar querendo jogar". Convicção é o que não falta a Mariany ao falar da edição brasileiras dos Jogos: "Para o próximo Pan, eu penso diferente. Vou ter tido mais tempo para treinar, mais experiência. Vou com o objetivo de ganhar medalhas".