Brasília, 4/8/2003 (Agência Brasil - ABr) - A balança comercial brasileira acumulou superávit de US$ 12,730 bilhões, até a semana passada, resultado recorde para o período. Com apenas um dia útil, a primeira semana de agosto contribuiu para este montante, com US$ 276 milhões. As exportações somaram US$ 39,514 bilhões, um crescimento de 25,3%, na comparação com igual de 2002. As importações, no entanto tiveram queda de 2,7% em relação ao ano passado, totalizando US$ 26,784.
Os produtos manufaturados e semimanufaturados foram responsáveis pelo bom desempenho das vendas externas. No primeiro grupo, se destacaram gasolina, com crescimento de 98%, óleo combustível (37%), veículos de carga (34%), autopeças (31%), pneus (29%) e automóveis (10%). Dentre os semimanufaturados, tiveram incremento as exportações de óleo de soja (52%), celulose (46%), couros e peles (9%).
Hoje, a notícia da alta do dólar animou os exportadores brasileiros. Segundo o diretor da Associação de Comércio Exterior do Brasil, Jose Augusto de Castro, o dólar mais alto torna as mercadorias mais competitivas no mercado internacional. "O dólar mais alto significa que o exportador vai receber mais reais pelo mesmo produto", disse. Segundo ele, a cotação ideal da moeda norte-americana para 95% dos exportadores deve oscilar entre R$ 3 e R$ 3,2.
Castro explicou que o aumento do dólar não significa aumento das exportações: há outros fatores, como o mercado internacional, que neste momento está retraído. "Na realidade, não é o preço do produto que vai influenciar a venda, mas a demanda". Segundo Castro, com a retração, a tendência para os próximos meses é de uma ligeira queda nas vendas externas. Ele afirmou que isso vai mudar a composição do superávit. No primeiro semestre, o saldo positivo resultou exclusivamente do aumento das exportações. A partir de agora, a balança comercial passa a ter superávit misto, resultante de aumento nas exportações e queda das importações.
Um fator que preocupa o diretor é a queda as importações, principalmente dos bens de capital (máquinas). De acordo com ele, essas compras têm diminuído de forma contínua e acentuada desde janeiro de 2002. "Isso significa falta de investimentos, o que gera adiamento da geração de empregos", advertiu.
Para aumentar as importações e aquecer a economia, Castro defendeu a isenção de impostos para quem compra máquinas, idéia que está sendo discutida na proposta de Reforma Tributária. "A desoneração de bens de capital vai voltar a estimular investimentos, que por sua vez geram mais produtos, mais empregos e possivelmente mais divisas na exportação", explicou.