Curitiba, 2/8/2003 (Agência Brasil - ABr) - O secretário-executivo do Comitê Interamericano Contra o Terrorismo, da Organização dos Estados Americanos (OEA), Steven Monblatt, descartou em Foz do Iguaçu que haja a presença de grupos terroristas atuando na região da Tríplice Fronteira, entre Brasil, Argentina e Paraguai.
"Não posso constatar a presença de células (terroristas) no sentido em que se usa a palavra. Mesmo segundo o Departamento de Estado (órgão do governo dos Estados Unidos), não foi constatada a presença de nenhuma célula", afirmou à imprensa ao chegar para visita à Itaipu
Binacional, acompanhado do diretor-geral brasileiro da usina, Jorge Samek, e do cartunista Ziraldo Alves Pinto.
Monblatt acrescentou ainda que não vê riscos de ocorrência de atos terroristas na região das três fronteiras. "Eu, quando penso em alvos potenciais do terrorismo, não penso nesta região", assinalou. "Acho que aqui na região, vocês estão mais preocupados com isso (repercussão) do
que lá fora", disse Monblatt. "Lá fora essas notícias não têm tanto impacto como têm aqui", afirmou.
A declaração do diplomata, que já foi subsecretário antiterrorismo do governo dos EUA, encerra a polêmica sobre as supostas denúncias que mancharam a imagem da terra das Cataratas do Iguaçu internacionalmente. Após os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001, nos Estados
Unidos, passou-se a dizer, com incentivo de fontes ligadas aos órgãos de inteligência do governo norte-americano, que a tríplice fronteira abrigava, por exemplo, células terroristas da Al Qaeda, de Osama Bin Laden. Até hoje, Foz do Iguaçu e as demais cidades da região, que têm no
turismo sua principal fonte de renda, sofrem as consequências dessas informações..
Monblatt disse que a questão mais preocupante hoje na Tríplice Fronteira refere-se à remessa de dinheiro para o exterior. Ele sugere que a comunidade árabe tome algumas precauções para evitar que as doações feitas a entidades beneficentes e organizações assistenciais e políticas
em seus países de origem, venham, de alguma forma, mesmo que indiretamente, beneficiar atividades terroristas.
Segundo ele, "gente de boa fé pode estar sendo usada por pessoas com fins não muito bons". Para Monblatt, "o importante é verificar para onde vai esse dinheiro (das doações) e como está sendo usado, porque às vezes as pessoas enviam dinheiro a entidades de outros países pensando
estar contribuindo de boa fé com alguma obra boa e sem saber estão contribuindo com o terrorismo ou outras atividades ilícitas".
A questão da lavagem de dinheiro é fator preocupante para a imagem internacional das três fronteiras, mas segundo Monblatt o governo brasileiro está fazendo um grande esforço no combate a esse tipo de crime. Acredita, no entanto, que há a necessidade de combater esse problema por meio de uma ação conjunta, e permanente, entre Brasil, Paraguai e Argentina.