Brasília, 2/8/2003 (Agência Brasil - ABr) - A programação do estúdio da Rádio Nacional de Brasília foi comandada hoje por 25 jovens radialistas, com idade entre 9 e 14 anos, que prepararam uma hora de programa sobre cultura dentro do "Revista Brasil", apresentado por Walter Lima. Eles entrevistaram o diretor-executivo da Fundação Banco do Brasil, Almir Caraca; o cantor Marcos, da dupla sertaneja Marcos e Maicon; os integrantes do grupo de música Toque de Art, de Samambaia (cidade-satélite de Brasília); e o jornalista Beto Almeida.
Os jovens são alunos do curso Radialistas do Futuro – Nas Ondas do Rádio, criado pelo radialista Edvaldo Ferreira. Todo primeiro sábado do mês eles apresentam o "Revista Brasil", dentro do projeto criado há um ano e que está formando a primeira turma, com 32 alunos. Um novo grupo, com 50 adolescentes, começa a ser preparado, de acordo com o coordenador do projeto. Para participar, explicou, os jovens devem morar em Samambaia, estudar e ser comprovadamente carentes. Eles recebem aulas duas vezes por semana, quando aprendem a história do rádio e recebem noções de produção, pauta, apresentação, criação de vinhetas e reportagens. As aulas são ministradas na sede da Associação de Amigos e Moradores da Expansão de Samambaia, onde foi montado um estúdio com equipamentos doados pela organização não-governamental Missão Criança. Durante a semana, os radialistas do futuro preparam um programa que é apresentado aos sábados à tarde na Rádio Redentor AM.
Uma das apresentadoras do programa de hoje foi a estudante Joseilda Lopes, de 12 anos, que cursa a sétima série e disse estar feliz por saber que mais uma vez conseguiu cumprir um desafio. "Eu me esforcei bastante para que os ouvintes gostem do nosso trabalho", afirmou. Para Joseilda, ser uma aluna radialista do futuro significa uma mudança na sua vida pessoal: "Antes eu era fechada, não gostava de falar em público, nem na escola. Hoje eu aprendi que não é assim que se vive em grupo". Joseilda Lopes receberá o certificado de conclusão do curso e já sonha em concretizar um sonho da infância, o de ser jornalista.
Para o estudante Renato da Silva, de 15 anos, o curso de radialista mudou seu comportamento. Ele contou que brigava muito, não fazia os deveres da escola e discutia com os colegas e professores. "Eu descobri que ninguém é melhor do que ninguém e por isso deixei de implicar", afirmou o jovem, citado pelo grupo como exemplo.
O mascote da turma é o menino Carlos Fernando, de apenas 9 anos. No programa de hoje, ele participou entrevistando o diretor-executivo da Fundação Banco do Brasil. Aluno da 3ª série da Escola Classe 431, de Samambaia, ele já prevê um futuro melhor, como profissional. Conta que ingressou como curioso no curso de radialista e hoje faz o bloco musical do programa, vinhetas, além de "mexer com o microfone", depois de superar a timidez. "Minha leitura também melhorou", comemora.
O programa recebe o apoio de empresas privadas que colaboram no transporte do grupo e na doação de lanches e camisetas. Durante a apresentação, o Radialistas do Futuro recebeu mais um apoio. O engenheiro José Alberto Lobo, da Radiobrás, fará um projeto para profissionalizar o estúdio em Samambaia a partir da avaliação dos equipamentos e da acústica do local.
