Polícia Federal e FBI vão compartilhar dados sobre o crime organizado

01/08/2003 - 15h07

Brasília, 1/8/2003 (Agência Brasil - ABr) – O aperfeiçoamento da cooperação entres as polícias federais norte-americana e brasileira no compartilhamento de dados sobre organizações terroristas e grupos financiadores do crime organizado, por meio da lavagem de dinheiro, foi um dos resultados práticos de seminário organizado pela Polícia Federal e FBI (Polícia Federal americana), encerrado hoje nesta capital. Foi a primeira vez que o FBI organizou no Brasil, em parceria com a Polícia Federal, um evento dessa natureza, que reuniu durante cinco dias além de agentes da duas organizações policiais, pessoal da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e representantes da Justiça Federal, do Ministério Público, do Conselho de Controle de Atividades Financeiras do Ministério da Fazenda, do Exército Brasileiro e da Polícia Civil de São Paulo.

O coordenador-geral de Polícia de Repressão a Entorpecentes, Getúlio Bezerra Santos, lembrou que a cooperação entre países nesta área é estratégia recomendada internacionalmente. Santos destacou o caráter globalizado das organizações criminosas, enfatizando que as movimentações financeiras de origem ilegal transpõem as fronteiras. "A lavagem de dinheiro é feita internacionalmente, assim como os paraísos fiscais e as transferências bancárias. Tem que haver essa cooperação para que as pessoas não se refugiem em distintos países protegidos pelas fronteiras", explicou o delegado. Para ele, a medida mais eficaz para reprimir a lavagem de dinheiro é o confisco de bens do criminoso. "A gente tem que fazer uma investigação financeira muito bem feita, criteriosa, para poder alcançar os bens e os valores e revertê-los contra o próprio crime", ressaltou.

O diretor-geral do Departamento de Polícia Federal, delegado Paulo Lacerda, disse que um dos saldos positivos do evento foi a maior integração dos órgãos envolvidos no combate ao crime organizado. "A integração propicia um relacionamento favorável para que possamos avançar nas investigações e desvendar essas máfias que utilizam a lavagem de dinheiro", avaliou o diretor da PF, que também destacou o fato de o seminário ter permitido que os profissionais brasileiros adquirissem uma especialização maior sobre o crime organizado e os desvios financeiros para o exterior gerados pela atividade.

Segundo Paulo Lacerda, apesar de o Brasil ter começado tarde na questão da lavagem de dinheiro – a lei é recente, de 1998 –, o país já obteve avanços significativos como a criação de um Departamento de Recuperação de Ilícitos, no Ministério da Justiça. A nova estrutura vai articular ações para evitar a lavagem de dinheiro e recuperar ativos enviados ilegalmente para o exterior. O diretor da PF também destacou a reestruturação do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), órgão do Ministério da Fazenda, como uma das medidas de combate à lavagem de dinheiro anunciadas pelo Ministério da Justiça.

"O Departamento de Recuperação de Ilícitos vai trabalhar em estreita colaboração com o Coaf, o que irá propiciar um trabalho mais integrado e efetivo no sentido de atingir aquilo que é o resultado das atividades criminosas, o dinheiro lavado", afirmou. De acordo com Lacerda, a estruturação dos mecanismos brasileiros de combate a esse tipo de atividade criminosa também criará condições de avaliar, com clareza, o montante ilícito desviado do Brasil.