Economista diz que expectativa é de recuperação do país no último trimestre

01/08/2003 - 15h54

Rio, 1/8/2003 (Agência Brasil - ABr) – A queda do faturamento do comércio e da indústria reflete o quadro de redução do ritmo de atividade econômica no país, mas a economista Luciana Marques de Sá, chefe da Assessoria de Pesquisas Econômicas da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), disse que isso não significa que exista motivo para alarme. Ela afirmou que a expectativa é de recuperação da economia no último trimestre do ano.

Segundo ela, mesmo com a retração nas vendas, os números ainda mostram crescimento, embora pequeno, em comparação ao ano passado, pelo menos na indústria paulista e fluminense. Dados de junho da Firjan revelam que o faturamento da indústria do estado do Rio teve queda de 8,5% contra maio. A redução atinge 7,4%, uma vez efetuado o ajuste sazonal. Mas no acumulado do primeiro semestre do ano, as vendas reais da indústria fluminense apresentam aumento de 7,47%.

A conjugação de juros em queda com algum alívio que possa vir do lado fiscal poderá reduzir o atual desconforto, afirmou Luciana. Além disso, a economista da Firjan indicou que algumas correções salariais em processo, ainda que não recomponham o poder de compra do ano passado, poderão contribuir para uma melhoria do quadro econômico.

Ela considerou normal a diminuição da atividade econômica diante de uma conjugação de juros altos, fim de uma crise de confiança, mudança de governo, queda do poder de compra e restrição fiscal. Avaliou, por outro lado, que os setores que deverão ter um desempenho aquém do esperado estão relacionados ao consumo ou dependem de crédito, ainda muito limitado, entre os quais estão vestuário, plásticos e perfumaria, além do setor automobilístico.

Luciana de Sá afirmou que o ciclo de crescimento necessário à retomada da economia, que pressupõe a existência de salário para o consumidor comprar, o comerciante encomendar à indústria e esta aumentar a produção e elevar as contratações, existe mas está pouco acelerado. Por outro lado, ela disse que "não adianta também tocar pau na máquina se não existem condições que sustentem o crescimento no longo prazo".

Para isso, segundo ela, é necessário fazer as reformas, garantir uma recuperação da poupança doméstica e resultados fiscais que projetem um incremento da poupança do setor público. "Sem isso, não vai ter crescimento sustentável. Não adianta nada os juros despencarem e aumentar uma bolha de crescimento de consumo, porque este não vai se sustentar", declarou.

Luciana de Sá afirmou ainda que a tendência de deflação vai acabar. As variações já estão cada vez menos intensas, tendendo a zero. Ressaltou, por outro lado, que isso não significa o retorno da pressão inflacionária. Trata-se de efeito estatístico. Mas os preços não voltarão aos níveis praticados no ano passado, garantiu a economista da Firjan.