São Paulo, 31/7/2003 (Agência Brasil - ABr) - A chegada do navio Kasato-Maru ao Porto de Santos, no litoral paulista, em 1908, é considerada o marco inicial da imigração japonesa para o Brasil. Tamico Tomi Nakagawa, 97, é a última dos 781 passageiros do navio. Mora atualmente em Londrina (PR) e tem 97 anos. Quando desembarcou em Santos, era um bebê de um ano e meio. Com a saúde debilitada, diminuiu a agenda de comemorações da imigração, para as quais é sempre convidada.
Até o início da Segunda Guerra, que paralisou esses embarques, já viviam no Brasil 197 mil japoneses, a maioria em São Paulo e no Paraná. "Eles vieram para trabalhar no campo, nas fazendas de café. É a chamada fase agrícola da imigração japonesa", explica a diretora do Museu Histórico da Imigração Japonesa, Célia Abe Oi. Essa primeira geração de imigrantes se preocupava em preservar a cultura, os esportes e a língua de origem. Criou escolas e associações culturais e esportivas. Colaboraram também na difusão do cooperativismo agrícola.
A Segunda Guerra, em que o Japão lutou ao lado da Alemanha e da Itália, foi um período difícil para os japoneses e suas famílias. Eles chegaram a ter seus bens confiscados. Além dos 95 anos do início da imigração japonesa, a comunidade de imigrantes comemora este ano o cinqüentenário da retomada da imigração, logo após a guerra. Em 1959, no auge desse novo movimento, chegaram mais de 7 mil imigrantes, já na chamada fase urbana da imigração.
Segundo Célia, antes do conflito, os imigrantes tinham a pretensão de voltar ao seu país. "Depois da guerra, o imigrante se convence de que era impossível retornar. Não só em função da derrota, mas também porque ele se descobre brasileiro", explica. Para Célia, atualmente, os descendentes estão completamente integrados em todos os setores da sociedade brasileira, com destaque para a educação. "Hoje, cerca de 90% dos descendentes de japoneses vivem na cidade", diz.